Covid-19: estudo de anticorpos reforça dificuldade de imunidade de rebanho
O resultado da pesquisa enfatiza a necessidade de manter medidas de saúde pública para evitar uma nova onda epidêmica
atualizado
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A tática da imunidade de rebanho contra a Covid-19, defendida por alguns como eficiente para evitar que a doença se espalhe, está cada vez menos considerável. Um estudo na Espanha, publicado nesta segunda-feira (6/7) na revista The Lancet, mostra que apenas 5% da população local desenvolveu anticorpos capazes de bloquear uma nova infecção.
A Espanha se tornou o epicentro da pandemia em meados de março e conseguiu controlar a curva graças às medidas duras de lockdown. Com mais de 61 mil pessoas, essa pesquisa no país europeu é considerada a maior sobre o assunto até o momento e mostrou que 95% da população permanece suscetível ao novo coronavírus.
Para a imunidade de rebanho ser alcançada, é necessário que uma porção grande – 70% a 80% – da população esteja imune à doença, seja com anticorpos naturais após serem contaminadas ou por imunização por meio de vacinas.
“A soroprevalência relativamente baixa observada no contexto de uma epidemia intensa na Espanha pode servir de referência para outros países. Atualmente, é difícil conseguir a imunidade de rebanho sem aceitar o dano colateral de muitas mortes na população suscetível e sobrecarregar os sistemas de saúde”, sugere o estudo.
No Brasil, a estratégia de imunidade de rebanho chegou a ser discutida ainda em maio, mas foi descartada pelo Ministério da Saúde. A ideia seria que pelo menos 70% da população fosse contaminada e desenvolvesse anticorpos para evitar que a doença se espalhasse, mas foi refutada pela pasta.