Covid-19: estudo aponta eficácia da vacina produzida na Rússia
De acordo com artigo publicado na revista The Lancet, imunização induziu resposta imune e não causou efeitos adversos
atualizado
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Depois de muita espera e pressão por parte comunidade científica, os resultados dos testes de fases 1 e 2 sobre a vacina Sputnik V, desenvolvida pela Rússia, foram divulgados na manhã desta sexta-feira (4/9), na revista The Lancet, uma das mais conceituadas do mundo acadêmico.
De acordo com o estudo, o método de imunização do Instituto Gamaleya, de Moscou, induziu resposta imune para combater o novo coronavírus no intervalo de 21 dias e não causou efeitos adversos nos voluntários em até 42 dias depois da aplicação, demonstrando segurança.
Outro ponto positivo é que, dentro de 28 dias, as células T – um tipo de linfócito (célula de defesa do corpo) – também produziram resposta à vacina, reforçando o sistema imunológico dos participantes.
Em entrevista coletiva na manhã desta sexta, o diretor-geral do Fundo Russo de Investimentos, Kirill Dmitriev, afirmou que a vacina provoca duas vezes mais anticorpos do que os observados em pessoas curadas da Covid-19.
De acordo com o diretor do Instituto Gamaleya, Alexander Guintsburg, o efeito protetor da imunização vai durar pelo menos dois anos. “Esperamos que por ainda mais”, disse.
“Podemos dizer que esse processo de imunização (com células de memória) não só vai criar uma boa imunização, mas a ação dessa imunidade vai durar muito tempo”, completou Guintsburg.
A Sputinik V foi a primeira vacina a ser registrada no mundo, em 11 de agosto, antes de os cientistas apresentarem evidências que comprovassem sua segurança. A postura do governo russo gerou desconfiança de outros países.
Questionado sobre a espera pela publicação dos estudos, o diretor do Instituto Gamaleya afirmou que “conforme os reguladores russos, a publicação só poderia sair depois do medicamento ser registrado porque a publicação preliminar pode ser considerada como uma pressão sobre os cientistas e as pessoas que vão registrar o medicamento”.
No Brasil, o governo do Paraná firmou parceria para fabricar o imunizante e prevê iniciar a testagem em um mês. O Distrito Federal também iniciou as negociações para seguir o mesmo caminho.