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Covid-19: entenda o que é imunidade de rebanho e se Brasil pode alcançá-la

Nova pesquisa mostra que a porcentagem necessária de pessoas imunizadas contra o vírus para proteger a sociedade pode ser menor

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1 de 1 ilustração coronavírus e brasil - Foto: Arte/Metrópoles

O conceito de imunidade de rebanho é bastante discutido desde o começo da pandemia de coronavírus. De acordo com os primeiros estudos feitos sobre o assunto, seria preciso que 60% da população tivesse anticorpos contra a Covid-19 para que a disseminação do vírus caísse consideravelmente: com a maioria protegida, o vírus “não teria quem infectar”.

Porém, de acordo com um estudo publicado na revista Science no final de junho, a porcentagem pode ser bem menor. Considerando que o coronavírus age de maneira diferente em cada faixa etária, os cientistas da Universidade de Estocolmo, na Suécia, e Universidade de Nottingham, no Reino Unido, sugerem que 43% da população precisaria estar imunizada para controlar a pandemia.

A publicação veio acompanhada de uma carta dos editores da revista, afirmando que houve uma discussão sobre a pesquisa, e que os autores deixaram muito claro no estudo que este é um modelo baseado em premissas levantadas por eles.

“Ficamos preocupados com as forças que querem diminuir a severidade da pandemia, assim como a necessidade de distanciamento social usariam os resultados para sugerir que a situação é menos urgente”, escrevem os editores da Science. Eles adicionam ainda que, mesmo se o modelo for correto, nenhum dos estudos de soroprevalência feitos até o momento sugerem que algum país do mundo esteja chegando na porcentagem necessária.

Segundo a pesquisa Epicovid-19, feita pela Universidade Federal de Pelotas com mais de 89 mil pessoas em todo o Brasil, a soroprevalência no país é de 3,8%, ou seja, apenas essa porcentagem da população possui anticorpos contra o coronavírus. A pesquisa foi feita em 133 municípios com ajuda do Ibope e patrocínio do Ministério da Saúde.

Em São Paulo, onde o estudo Monitora Covid-19 está sendo aplicado, a prevalência é de 11,4%, no total — 16% nos distritos mais pobres e 6,5% nos mais ricos.

Magali Meirelles, infectologista e membro da Sociedade de Infectologia do DF, explica que há estudos que mostram uma necessidade de 70% de prevalência, enquanto outros chegam a cogitar algo em torno dos 20%. Porém, como ainda não se sabe como funciona a imunidade contra a doença, ou quanto tempo ela dura, ainda não é possível falar se a imunização de rebanho é factível quando se fala de Covid-19.

“É uma doença nova, os conhecimentos estão evoluindo, mas ainda precisam avançar muito nesse aspecto. Isso demonstra o quanto ainda precisamos avançar nos conhecimentos sobre o tema, pois o cálculo dessa porcentagem leva em conta a dinâmica de transmissão do vírus e também sua capacidade de imunização.
Ainda não sabemos ao certo o papel dos anticorpos na imunização dos infectados”, explica a infectologista.

Ela ensina ainda que estados onde se observa uma queda no número de casos e óbitos (no Amazonas, por exemplo), não necessariamente alcançaram a imunidade de rebanho. “Precisaremos observar se, com a volta das atividades, o número de casos aumentará a ponto de provocar novo pico, e qual vai ser a intensidade desse pico. O interessante é que a observação dessa evolução da pandemia nos estados ajudará a compreender melhor as características da imunidade de rebanho da Covid-19”, diz.

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