Covid-19: em 15 dias, proporção da população com anticorpos aumenta em 53%
Percentual de brasileiros com proteínas de defesa subiu consideravelmente, o que indica que muitos já foram ou estão infectados
atualizado
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A segunda etapa da pesquisa Epicovid19-BR, realizada pela Universidade Federal de Pelotas (Ufpel), entre 04/06 e 07 /06, mostrou que a proporção de brasileiros com anticorpos contra o novo coronavírus – os que já tiveram ou têm a Covid-19 – passou de 1,7% para 2,6% em apenas 15 dias, representando aumento de 53%.
Os pesquisadores coletaram dados de 133 cidades de todos os estados brasileiros, com 31.165 entrevistas e testes para o coronavírus. Em 83 cidades, 200 ou mais pessoas foram avaliadas. Nelas, a proporção da população com anticorpos aumentou de 1,7% na primeira fase da pesquisa para 2,6% na atual (com variações de 1,5% a 1,8% na fase 1 e de 2,4% a 2,8% na fase 2 pela margem de erro).
Em 120 cidades – incluindo 26 das 27 capitais (exceto Curitiba) – eles testaram ao menos 200 pessoas, todas selecionadas por sorteio. Aproximadamente 2,8% (podendo variar de 2,6% a 3,0%) tinham anticorpos para o Sars-CoV-2.
Essas cidades correspondem a 32,7% da população nacional ou 68,6 milhões de pessoas. Os dados indicam que 1,9 milhão de brasileiros, com margem de erro de 1,7 a 2,1 milhões, estão ou já estiveram infectados.
A equipe do coordenador geral do estudo, Pedro Curi Hallal, do Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de Pelotas, considera o aumento de mais de 50% estatisticamente significativo e inédito em estudos similares. Os pesquisadores lembram que, na Espanha, uma pesquisa semelhante indicou aumento de apenas 4% entre as duas etapas.
Os dados mostram que a contagem de pessoas com anticorpos no Brasil certamente já está na casa dos milhões, e não mais dos milhares, como mostrou o último boletim epidemiológico de quinta-feira (11/06), com 802.828 casos registrados.
O levantamento confirmou que a região Norte tem o cenário epidemiológico mais preocupante do Brasil, com 12 das 15 cidades com maiores prevalências do país. Na sequência vem o Nordeste, com outras três cidades. No Centro-Oeste, três cidades tiveram prevalência superior a 0,5% – entre elas, Brasília – e nenhuma da região Sul superou esta marca.
Os pesquisadores ressaltam que os dados não devem ser generalizados para todo o país, nem usados para estimar o número absoluto de casos, pois partem de cidades populosas, com circulação intensa de pessoas e que concentram serviços de saúde, uma dinâmica diferente das cidades pequenas ou de zonas rurais.