Covid-19: como paciente cardíaco, hipertenso e diabético se curou
Paulo Zoghbi ficou internado no Hospital Santa Luzia e um dos primeiros procedimentos da equipe foi providenciar a ventilação mecânica
atualizado
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O tratamento do servidor público aposentado Paulo Zoghbi que, apesar de ser cardíaco, diabético e hipertenso, venceu a Covid-19, não incluiu a cloroquina – medicamento que tem sido badalado como uma solução para as infecções provocadas pelo coronavírus.
O intensivista Marcelo Maia, médico que comanda o time que cuidou de Zoghbi, destaca o empenho e o conhecimento da equipe clínica, aliados aos recursos tecnológicos disponíveis, como os trunfos responsáveis para reverter o quadro grave apresentado pelo paciente de 60 anos.
“Em medicina não há milagre, nem fator sorte”, destaca. “Ele conseguiu vencer a Covid-19 porque tinha uma equipe preparada acompanhando seu quadro continuamente: 24 horas por dias, sete dias por semana”, destaca o profissional que é responsável pelas UTIs dos hospitais Santa Luzia e DF Star.
Ao procurar atendimento, Zoghbi já apresentava um quadro de Síndrome Respiratória Aguda Grave. Do Hospital do Coração foi direcionado para o Hospital Santa Luzia, onde funciona uma unidade de referência para o tratamento do novo coronavírus. Lá – enquanto o resultado do exame era aguardado, a primeira providência já estava tomada: colocá-lo em ventilação mecânica.
Durante cinco dias, o morador do Sudoeste ficou inconsciente, numa espécie de coma induzido para preservar suas funções. Logo o resultado do exame saiu e os médicos estavam cientes de que, além do invasor, tinham que cuidar para que outras infecções oportunistas não piorassem o estado de saúde do paciente.
“Fazíamos diversos exames e até administramos preventivamente medicamentos para combater infecções bacterianas que costumam se aproveitar da pane imunológica provocada pelo vírus”, explica Maia.
Outra medida importante foi a prescrição de anticoagulantes. Uma das características da doença é provocar a coagulação sanguínea, provocando “trombos” no paciente que podem levar tanto a falência do coração como AVCs (acidentes vasculares cerebrais).
“Ele exigiu bastante cuidado porque realmente o quadro era desfavorável, mas foi uma vitória conjunta vê-lo saindo do hospital doze dias depois”, relata Maia.
Na Rede D´Or, a cloroquina tem sido administrada para alguns pacientes graves com coronavírus, mas isso não é uma regra, pois o medicamento ainda não tem eficácia comprovada por estudos científicos e, no caso do aposentado, a condição cardíaca prévia poderia ser agravada pelo medicamento. “Não há receita de bolo”, completa Maia.