Covid-19: casal brasileiro desenvolve teste mais barato que o PCR
Pesquisadores trabalham na Fiocruz e na UFSC, e criaram um teste para o coronavírus mais rápido e barato que o mais usado no Brasil
atualizado
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Depois de ouvirem a queixa de um vizinho, que ficou surpreso com o elevado custo do teste PCR que detecta a Covid-19, um casal de pesquisadores especializado em doenças tropicais, como a malária, teve a ideia de criar uma solução mais acessível.
“Um dia a gente estava subindo a rua do nosso condomínio e nossos vizinhos falaram que tinham acabado de fazer um teste. Era bem no início da pandemia. Na época, a gente nem sabia que ia durar tantos meses. E eles falaram: ‘Nossa, a gente pagou muito caro. Mais de R$ 300 e vai ficar pronto 3 dias só’”, conta Luísa Rona em entrevista ao G1.
Ela é professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). E casada com André Pitaluga, pesquisador da Fiocruz, sua dupla também na invenção. A tecnologia criada por eles e aplicada no novo kit de diagnóstico é a chamada RT-lamp. Existe desde o início dos anos 2000, mas foi adaptada para o teste de Covid e mostrou resultados de alta precisão.
“O que nos fizemos foi adaptar uma tecnologia já existente usando o RT-lamp e adicionamos a essa tecnologia a primeira parte do diagnostico molecular, que é justamente um processo novo e muito eficiente de isolamento do RNA da amostra do paciente”, explica a pesquisadora.
Após passar por uma solução, uma espécie de membrana é retirada da amostra do kit e colocada na água. Os resultados negativos ficam rosa e os positivos ficam amarelos, e esse diagnóstico fica pronto em apenas 40 minutos.
A invenção brasileira tem um importante diferencial quando comparada ao PCR disponível no mercado: o custo previsto para o novo kit é de cerca de R$ 30. A criação já foi patenteada e agora será solicitada autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para seu uso pela população.
Esse teste mantém o método tradicional, que usa o swab nasal ou coleta a saliva. “Quando a gente fez o teste usando o swab, a gente começou a fazer exatamente igual ao PCR, a nossa sensibilidade foi de 96%”, relata Luísa. “A gente passou a fazer a testagem com amostras de saliva coletadas em jejum e foi para 98%”, conta André.
Tendo em vista a presença da variante Delta no Brasil, que até o momento foi identificada como a mais transmissível, a testagem em massa ganha mais importância como aliada no combate à disseminação do vírus. É por meio dela que órgãos de saúde e a população em geral podem rastrear infectados e controlar a transmissão da Covid-19 e suas mutações.