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Covid-19: Brasil tem curva de óbitos menor que Itália e Espanha

Após 25 dias da 1ª morte, os dois países europeus juntos já registravam mais de 7 mil vítimas. Os EUA confirmaram 856 contra 1.056 do Brasil

atualizado

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Pesquisa revela perda de renda de enfermeiros, farmacêuticos e biomédicos no DF
1 de 1 Pesquisa revela perda de renda de enfermeiros, farmacêuticos e biomédicos no DF - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

O Brasil está a poucos dias de atingir o pico de novos casos e óbitos por coronavírus. De acordo com  projeções feitas pelo Ministério da Saúde, os grandes centros do país chegarão a essa fase entre o final de abril e o início de maio. A população brasileira está com algumas semanas atrasadas em comparação aos países europeus e norte-americanos que já chegaram ao ápice da curva.

Para entender como o Brasil está em relação a outros locais afetados pela pandemia de Covid-19, o (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles, comparou as taxas de óbitos no Brasil com as dos três países com o maior número de mortes no momento, de acordo com a plataforma on-line da universidade Johns Hopkins: Estados Unidos, Itália e Espanha.

As informações coletadas mostram que o Brasil tem curva mais “achatada” do que as nações europeias citadas acima, mas está um pouco mais íngreme em relação à da americana no mesmo ponto da pandemia. A comparação foi feita a partir do registro da primeira morte em cada um dos países.

Na sexta-feira (10/04), 25 dias depois do primeiro óbito, o Brasil teve 1.056 mortes confirmadas. Nessa mesma marca, a Itália registrava 2.505 perdas; a Espanha, 5.690; e os EUA, 856.

Quando as taxas de crescimento por mortes em um dia são colocadas no mesmo gráfico, a história muda. No Brasil, os falecimentos por Covid-19 aumentaram 16,6% em comparação ao número de óbitos na quinta-feira (09/04). Na mesma altura da curva, os índices na Itália (20,3% ), Espanha (18,3%) e nos EUA (33,9%) eram maiores.

A Espanha registrou 15.238 mortes, na sexta-feira, 37º dia desde o primeiro óbito registrado. Os EUA estão no dia 41 de pandemia e somam 16.690 vítimas fatais. Já a Itália, no 48º dia, confirmou 18.281 falecidos por causa da doença.

“Para comparar a realidade desses países, é importante usar nos cálculos a quantidade de óbitos e ignorar o número de casos confirmados”, explica o vice-presidente da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal, Alexandre Cunha.

De acordo com o especialista, quando uma pessoa perde a vida por causa da Covid-19, o sistema de saúde faz o diagnóstico correto e 100% dessas perdas são notificadas com a causa da morte atestada. “Pode existir uma distorção, de o médico errar o motivo do óbito, mas a margem de erro é muito menor quando comparada aos casos confirmados”, destaca.

O rol de pacientes diagnosticados, assinala Cunha, representa apenas uma fatia da quantidade verdadeira de pessoas infectadas. A estratégia de testagem é diferente em cada país: onde há mais exames, os números tendem a ser maiores e mais próximos da realidade.

“O Brasil está numa curva ascendente no número de casos. Porém, a demora na liberação de resultados dos exames e na notificação dos infectados confirmados impacta diretamente nas estatísticas e no planejamento de ações para conter a disseminação do novo coronavírus”, explica Leonardo Weissmann, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia.

Segundo Weissmann, os Estados Unidos, país considerado pela OMS como um dos epicentros da pandemia do novo coronavírus, demorou muito para acreditar na seriedade do problema, e isso acabou atrasando medidas de contenção. A grande quantidade de casos simultâneos impacta fortemente o sistema de saúde, que não tem capacidade de dar assistência a todos os doentes graves ao mesmo tempo. Sem o atendimento correto, a curva de óbitos tende a ser impactada e aumentar muito, essa realidade já vem acontecendo em Nova York.

Um fenômeno parecido aconteceu na Itália. O país demorou para adotar a quarentena e a população (uma das mais velhas do mundo) acabou doente ao mesmo tempo: o sistema entrou em colapso e a situação ganhou contornos de tragédia, com médicos tendo de decidir quais pacientes teriam acesso aos respiradores.

O Brasil, que ainda não chegou a essa fase, aproveitou o tempo para começar a equipar melhor o sistema de saúde. Além de estar quase 20 dias atrás da Itália em relação aos efeitos da pandemia, as medidas de contenção também foram adotadas precocemente no território nacional. Apenas com o isolamento social de toda a população, é possível achatar a curva de casos e, consequentemente, de mortes.

“Respeitar o distanciamento físico é fundamental neste momento para o controle da disseminação do vírus e do aumento do número de casos de Covid-19. Não respeitar o isolamento significa aumento na transmissão do vírus e mais gente doente. As pessoas precisam se conscientizar sobre a importância de permanecer em casa, saindo somente se extremamente necessário, para proteger a si mesmo e seus familiares”, enfatiza o infectologista.

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