Covid-19: Brasil tem 7 vezes mais casos do que o ideal para flexibilização
A OMS usa a taxa de positividade nos exames como critério para orientar governos sobre a decisão de flexibilização do isolamento social
atualizado
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Um estudo realizado pela Rede de Pesquisa Solidária, publicado na última sexta-feira (26/06), indicou que os estados brasileiros estão se precipitando para flexibilizar as normas de isolamento social. Isso porque, nenhum deles atingiu a taxa de positividade em testes para o novo coronavírus recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de 5%.
A média do país foi de 36% em junho de 2020, de acordo com dados divulgados nos boletins de saúde das confederações. Ou seja, A cada 100 testes realizados, 36 tiveram resultado positivo. O ideal, para a OMS, é que a flexibilização aconteça quando este número chegar a apenas cinco casos para cada centena de testes e se mantenha estável por duas semanas, garantindo assim menor risco de contaminação.
Apenas sete estados apresentaram a taxa de positividade inferior a 20% na primeira semana de junho. Até o dia 20, a testagem com resultados positivos era alta em todos os estados. O Brasil é o país que menos faz testes para identificar casos do novo coronavírus entre os 20 com maior taxa de óbitos por Covid-19.
A OMS utiliza três critérios para orientar os governos sobre a decisão de flexibilização do isolamento social, dois deles são baseados com resultados de testagens em massa. São eles: quando há indicação de que a epidemia está controlada; quando o sistema de saúde é capaz de atender uma ressurgência de casos; e quando o sistema de vigilância é capaz de identificar novos casos e testar também os seus contatos.
São necessários mais testes para identificar a proporção de brasileiros que já manteve contato com o vírus. De acordo com o 13º boletim da entidade formada por pesquisadores brasileiros, com coordenação de profissionais da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (Incor-FMUSP) e do Departamento de Ciência Política da USP (DCP-USP), as estratégias diferenciadas e a falta de padrão nas testagens dificultam o enfrentamento da pandemia e aumentam a insegurança da população.
“A lacuna de informação sobre a presença e circulação do vírus entre a população está na base da subnotificação de casos positivos e deixa as decisões de distanciamento físico e de flexibilização mais sensíveis à pressão dos negócios, à política ou à subjetividade“, concluem os pesquisadores no boletim.