Coronovac: pesquisa indica 3ª dose para vacinados acima de 55 anos
Cientistas brasileiros constataram menor resposta imunológica à vacina no grupo de homens acima de 55 anos que receberam o imunizante
atualizado
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Um estudo feito por cientistas do Instituto do Coração (InCor) e da Universidade de São Paulo (USP) mostra evidências de que as pessoas com mais de 55 anos de idade – em especial os homens – vacinados com a Coronavac têm uma resposta imunológica contra o vírus reduzida, em comparação aos pacientes recuperados da Covid-19.
Os resultados da pesquisa foram divulgados na segunda-feira (23/8), na plataforma medRxiv, no formato de pré-print, sem a revisão por pares.
Os cientistas fizeram testes para avaliar a presença de anticorpos específicos com 101 amostras de soro sanguíneo de pessoas vacinadas, 72 amostras do material de pacientes convalescentes – os recuperados da infecção – e 36 amostras de um grupo controle, com pessoas que não receberam a vacina e nem foram infectadas pelo coronavírus.
Os dados mostram que 95% dos participantes vacinados com a Coronavac produziram algum tipo de resposta imune contra o vírus, contra 99% dos pacientes convalescentes. Até 59% dos vacinados desenvolveram uma resposta protetora completa à infecção, com anticorpos e células de defesa. A mesma resposta foi observada em 70% dos recuperados.
Os pacientes convalescentes tinham de 1,5 a 2 vezes mais anticorpos contra o coronavírus no sangue do que os vacinados. A diferença é ainda maior entre as pessoas com mais de 55 anos que receberam a injeção, nestes, o nível de anticorpos específicos chegou a ser seis vezes menor. Também foram encontradas mais células de defesa do tipo linfócitos T nos recuperados.
Ao separar o grupo por gênero, os pesquisadores brasileiros observaram que 60% das mulheres com mais de 55 apresentaram respostas de células T e anticorpos simultaneamente, enquanto apenas 28% dos homens na mesma faixa etária apresentaram ambos os tipos de resposta.
Quando os tipos de defesa do corpo são avaliadas separadamente, a diferença é menor: 94% das mulheres com mais de 55 anos exibiram respostas de células T ou anticorpos e 83% dos indivíduos do sexo masculino exibiram ou uma ou outra. O que indica que, por mais que haja diferença, a vacina oferece algum nível de proteção.
A Coronavac foi a vacina com maior volume de distribuição nos primeiros meses da campanha de imunização do Brasil, quando idosos e profissionais da saúde foram priorizados no calendário de vacinação. Os cientistas temem que este grupo esteja mais vulnerável agora e sugere que “os vacinados acima de 55 anos de idade poderiam se beneficiar de uma vacina heteróloga de terceira dose/reforço”, ou seja, de outro fabricante.
Ao comentar o resultado do estudo, o Instituto Butantan afirmou que a imunosenescência – respostas imune mais reduzida de vacinas em idosos, é um fenômeno bastante conhecido e verificado em qualquer vacina. O Butantan é o fabricante da Coronavac no Brasil.
“Isso não quer dizer que os mais velhos não estejam protegidos contra a doença, mas sim, que o organismo responde menos a um antígeno novo, uma característica que não se relaciona à vacina, em si, mas aos processos naturais do sistema imunológico, conhecido como ‘imunosenescência'”, destacou o Butantan em nota enviada ao Metrópoles.
Veja os famosos que já foram vacinados: