Coronavírus: vale a pena investir em um protetor facial (face shield)?
Especialistas esclarecem a efetividade de usar as viseiras que cobrem todo o rosto e começaram a ser vendidas no Distrito Federal
atualizado
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A população do DF está obrigada a usar máscaras de proteção facial em todos os espaços públicos desde o dia 30 de abril. O acessório de segurança contra o novo coronavírus passou a fazer parte do cotidiano do brasiliense, mas um outro item começa a ganhar as prateleiras de mercados e desperta questionamentos. O face shield (protetor facial) é recomendado pelas autoridades de saúde? Ele substitui a máscara de pano? É melhor ou pior do que ela?
A resistência ao uso da máscara convencional faz com que pessoas busquem alternativas. Ciente desse problema nos Estados Unidos, Eli Perencevich, médico de doenças infecciosas da Universidade de Iowa, chegou a argumentar em artigo publicado no mês passado no JAMA, que os protetores faciais simples, aqueles transparentes de plástico, poderiam ajudar a reduzir a transmissão da Covid-19. Isso, no entanto, se estivessem acompanhados de medidas de saúde pública, como aumento de testes, rastreamento de contatos, distanciamento social e higiene das mãos.
Infectologistas ouvidos pelo Metrópoles, entretanto, são unânimes em afirmar que o face shield é aconselhado apenas para os profissionais de saúde e não substitui a proteção de uma máscara convencional.
A utilidade do face shield, em geral, é evitar que gotículas de saliva contaminadas alcancem o rosto, inclusive os olhos, de quem está usando. Esse objetivo, porém, é cumprido com sucesso pela proteção convencional, desde que todos usem.
“O face shield tem uma função, que é proteger o profissional da área de saúde ao fazer algum procedimento invasivo no paciente. Ele não substitui a máscara, não faz sentido andar pela rua com um desses e sem a máscara. As pessoas estão usando o protetor facial pensando em uma sensação de segurança que é falsa”, explica Leandro Machado, infectologista da Clínica Atos.
E como complemento?
Usá-lo como complemento à máscara de pano também não é aconselhável à população em geral, de acordo com o médico, porque exige práticas de higiene com as quais as pessoas que não são da área de saúde não estão acostumadas. Além disso, o protetor costuma embaçar.
O infectologista Leonardo Weissmann, da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), reforça a indicação do face shield apenas em ambientes hospitalares. “Os protetores faciais são um complemento aos equipamentos de proteção individual e podem reduzir a transmissão de partículas. Trata-se de um dispositivo indicado aos profissionais da saúde. Para a população em geral está recomendado o uso da máscara caseira de proteção.”
Marcos Pontes, clínico geral e coordenador da Clínica Médica do Hospital Santa Lúcia Norte, também destaca que o protetor facial deve ser usado apenas “para realizar procedimentos invasivos em ambiente hospitalar.” Ele ressalta que a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para evitar o novo coronavírus é clara: “O uso de máscara e os cuidados com a higienização”.