Coronavírus: por que o Distrito Federal preocupa Mandetta
Brasília registra a maior taxa de incidência da doença por conta de características especiais da cidade
atualizado
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O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, tem repetido seguidas vezes que a situação do Distrito Federal é uma das mais preocupantes do país. Na sexta-feira (03/04), a capital da república registrou sua 7º morte e já contabiliza 441 casos confirmados de pessoas infectadas pelo novo coronavírus.
As medidas de restrição ao convívio começaram a ser implantadas pelo governador Ibaneis Rocha em 11 de março e o sistema de saúde local tem realizado ações para se preparar para o auge da crise como, por exemplo, a estruturação de um hospital de campanha, a compra de equipamentos médicos e a abertura de novos leitos de UTI.
A preocupação do ministro da Saúde é justificada, entretanto, pela alta relação entre o número de casos confirmados e o tamanho da população: o chamado coeficiente de incidência da doença. No DF, esta taxa é a maior do país com 13,2 casos confirmados para cada grupo de 100 mil habitantes.
São Paulo, que registra o maior número absoluto de casos, tem coeficiente de incidência de 8,7 para cada grupo de 100 mil habitantes.
Pelo menos quatro características de Brasília explicam a taxa:
1) o grande número de profissionais de órgãos federais, embaixadas e organizações internacionais. “É um grupo de pessoas que fazia viagens ao exterior constantemente, que tiveram contato com o vírus em outros países”, afirma o professor de saúde coletiva da Universidade de Brasília (UnB), Wildo Navegantes;
2) o alto poder aquisitivo de parte da população, que também tinha acesso às viagens internacionais antes de elas serem praticamente suspensas no mundo inteiro;
3) a densidade urbana. “Por ser uma grande aglomeração há mais oportunidades de contato, o que facilita o contágio da doença”, explica o subsecretário de vigilância epidemiológica do DF, Eduardo Hage, que é médico sanitarista e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz) e
4) a rapidez com a qual os diagnósticos estão sendo feitos. “O DF não tem pendências de processamento de amostras pelo Lacen, o que não tem ocorrido em muitos estados”, afirma Hage.