Coronavírus pode afetar cérebro até de assintomáticos, diz pesquisa
Cientistas brasileiros desvendaram prejuízos cerebrais causados pelo Sars-CoV-2 e se surpreenderam com a extensão
atualizado
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Uma pesquisa realizada por cientistas brasileiros afirma que até mesmo pacientes assintomáticos ou com quadros leves da Covid-19 podem sofrer danos no cérebro e apresentar sintomas neuropsiquiátricos e/ou neurológicos após serem infectados.
De acordo com o artigo publicado na terça-feira (13/10), em versão pré-print na plataforma medRxiv, sintomas neurológicos, como fortes dores de cabeça, sonolência excessiva, alteração da memória e perda de olfato e paladar, foram observados em pacientes até dois meses após a recuperação.
Ansiedade e comprometimento cognitivo foram relatados por ao menos 28% dos pacientes com sintomas respiratórios leves ou sem sintomas que testaram positivo, segundo artigo assinado por mais de 70 pesquisadores das universidades Estadual de Campinas (Unicamp), de São Paulo (USP), Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), do Instituto D’Or e do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio).
Em outro braço do estudo, realizado a partir do tecido cerebral de pacientes que morreram em razão da Covid-19, os pesquisadores perceberam que, ao entrar no cérebro, o vírus ataca uma célula responsável por processos metabólicos, o que prejudica a produção de energia para os neurônios.
“A infecção de astrócitos derivados de células-tronco neurais alterou o metabolismo energético, alterou proteínas-chave e metabólitos usados para alimentar neurônios e para biogênese de neurotransmissores, e desencadeou um fenótipo secretor que reduz a viabilidade neuronal”, escreveram os autores do estudo.
Também foram verificadas atrofias em áreas relacionadas à ansiedade e alterações na estrutura do córtex, região cerebral mais rica em neurônios e responsável pela memória, linguagem, consciência e atenção.
Doenças degenerativas
Os resultados sugerem ainda que o vírus pode desencadear doenças genéticas como esquizofrenia, Parkinson e Alzheimer. Os médicos vão acompanhar de perto o grupo de pacientes que sobreviveu à Covid-19 para entender a gravidade das lesões, se elas são irreversíveis e se o vírus tem potencial para desenvolver doenças degenerativas.