Coronavírus: planos de saúde correm para atender via telemedicina
Médicos foram liberados para fazer consultas, emitir atestados e receitas à distância, mas operadoras ainda estão se organizando
atualizado
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A emergência de saúde pública criada pela pandemia do novo coronavírus está exigindo que as promessas da telemedicina se confirmem na prática, mas os planos de saúde ainda estão se organizando para encontrar uma maneira segura de atender os pacientes e pagar os médicos. A expectativa do setor é de levar pelo menos mais duas semanas para incluir as consultas virtuais no rol de serviços disponíveis aos clientes.
O Senado Federal aprovou na terça-feira (31/03) o projeto de lei que libera o atendimento médico on line durante a epidemia do novo coronavírus. Anteriormente, em 20 de março, o Ministério da Saúde já havia acatado o pedido do Conselho Federal de Medicina (CFM) para liberar as consultas virtuais como uma alternativa para desafogar os pronto-socorros e hospitais e poupar pessoas saudáveis de terem contato com o vírus.
Antes disso, só estava autorizada a realização de triagem para o encaminhamento de consultas presenciais. Com a nova normativa, os médicos podem atender pacientes, emitir atestados e receitar à distância. Entram na lista psicólogos, médicos de família – pediatras e clínico gerais –, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, nutricionistas, dermatologistas, entre outros.
A triagem remota já era utilizada por alguns planos de saúde para orientar e fazer o encaminhamento dos pacientes, mas as tele-consultas ainda não eram realidade justamente por causa da falta de regulamentação. “Discutimos isso por anos e agora estamos correndo contra o tempo”, lamenta Marcos Loretto, diretor-médico da Omint Saúde e Seguros.
A previsão dele é que, mesmo os planos de saúde que fazem a triagem dos pacientes virtualmente, necessitem de pelo menos mais duas semanas para conseguir se ajustar ao novo modelo. “Estamos mapeando e organizando o sistema”, explica.
As consultas on line devem acontecer por plataformas seguras, disponibilizadas pelo Ministério da Saúde, por redes particulares ou planos de saúde.
Os fatores comuns entre elas devem ser a integridade, a segurança e o sigilo das informações dos pacientes. “Todos precisam garantir a segurança de dados e o padrão de atendimento”, explica Chao Lung Wen, médico e chefe da disciplina de telemedicina da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo).
O médico ressalta que atendimentos não podem ser realizadas por redes sociais. “Independente da pandemia, o cuidado de saúde do médico com o paciente é uma atividade sigilosa. Você não pode usar plataformas que não garantam essa segurança e onde possam acontecer vazamento de dados”, detalha.
A regulamentação do atendimento à distância demorou porque enfrentava resistência entre parte dos profissionais de saúde. Algumas entidades médicas divergiam sobre a eficácia de consultas sem os procedimentos tradicionais como, por exemplo, a conversa olho no olho entre médico e paciente.