Coronavírus: conselho acusa Adolfo Lutz de perder 20 mil amostras
Laboratório referência em testagem de coronavírus demorou mais de 72 horas para analisar os exames, que agora podem ser invalidados
atualizado
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Depois de uma fiscalização realizada nessa quinta-feira (09/04), o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) denunciou, ao Ministério Público e à Secretaria de Estado de Saúde, que o Instituto Adolfo Lutz perdeu cerca de 20 mil amostras de exames para coronavírus.
O laboratório é referência na análise de testes da Covid-19. O Cremesp encontrou as amostras datadas em uma geladeira, onde podem ficar por 72 horas, mas estavam há bem mais que isso. Foi aberta uma sindicância para investigar a responsabilidade da perda dos exames.
O Adolfo Lutz tem capacidade para analisar 1,4 mil testes por dia e a fila no estado de São Paulo já chega a 17 mil exames. O laboratório comprou, na última quarta-feira (08/04), freezers de ultra baixa temperatura para guardar as amostras por mais tempo.
Segundo o secretário de Saúde de São Paulo, José Germann, os exames represados devem ser analisados até o dia 27 de abril.
A Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo sustentou, em nota, que a temperatura de armazenamento das amostras não invalida a análise, o que derrubaria a denúncia do conselho. A Coordenadoria de Controle de Doenças, órgão do governo de SP responsável pelo Adolfo Lutz, aponta também que o número de amostras no laboratório apontado pelo Cremesp está errado. No lugar de 20 mil, seriam 17 mil — 9 mil já teriam sido enviadas para processamento imediato.
A pasta explica que a recomendação é manter a amostra a -20ºC ou a -70ºC, e que já realizou testes de viabilidade de detecção do coronavírus em amostras mantidas em refrigeração por mais de uma semana, sem prejuízo na identificação do vírus. A Secretaria afirma ainda que não foi oficialmente notificada, mas está disponível para eventuais esclarecimentos.