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Coronavac e vacina de Oxford serão testadas contra variante brasileira

As duas fórmulas de vacina contra Covid-19 aplicadas no país serão confrontadas com a nova versão do coronavírus que surgiu em Manaus

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1 de 1 ilustração de cientistas estudando e criando uma vacina - Metrópoles - Foto: miakievy/GettyImages

Desde que surgiram as variantes do coronavírus do Reino Unido (B.1.1.7), da África do Sul (B.1.351) e do Brasil (P.1), a população mundial ganhou uma nova preocupação: a possibilidade de as vacinas desenvolvidas com base no vírus original não serem tão eficazes para combater as novas versões do Sars-CoV-2.

A partir de então, os pesquisadores começaram a testar amostras do soro sanguíneo dos vacinados contra as cepas que apresentam mutações. O objetivo é saber se os anticorpos formados a partir do gatilho imunológico oferecido pelas vacinas seriam capazes de neutralizar as variantes. Nesta corrida por respostas urgentes, há algumas certezas e muitas dúvidas.

Bons resultados têm sido obtidos nos testes com as fórmulas da Pfizer/BioNTech, da Moderna e de Oxford contra a variante do Reino Unido. Já as respostas das vacinas à mutação da África do Sul têm sido menos satisfatórias.

Em relação à variante brasileira, última a ser descoberta, ainda não há uma conclusão definitiva. A versão encontrada em Manaus (AM) está sendo confrontada com o soro de pacientes imunizados apenas agora e os primeiros resultados ainda não foram divulgados. O Instituto Butantan espera obter as informações sobre a eficácia da vacina Coronavac contra a variante brasileira ainda este mês.

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), por sua vez, também espera obter respostas sobre a fórmula Oxford/AstraZeneca e, no início de fevereiro, enviou algumas amostras da variante brasileira do coronavírus (P.1) para a Inglaterra.

De acordo com a AstraZeneca, os testes da vacina frente à variante brasileira estão na fase inicial. A partir deles, os cientistas avaliarão se será necessário fazer algum tipo de mudança na vacina ou na dosagem do imunizante, com o acréscimo de mais uma dose, por exemplo. “A AstraZeneca está trabalhando para ter esses resultados o mais rápido possível”, informou a empresa em nota ao Metrópoles.

Atualização de vacinas

Na quinta (11/02), a chefe do programa de vigilância genética do Reino Unido, Sharon Peacock, afirmou que o mundo, provavelmente, ainda lutará contra as novas variantes do Sars-CoV-2 pelos próximos dez anos. O enfrentamento terá de ser feito, principalmente, via atualização de vacinas.

A professora que coordena o Laboratório de Imunologia Celular no Instituto de Biologia da UnB, Anamelia Bocca, conta que já há expertise adquirida no assunto, pois procedimentos semelhantes são feitos para a atualização anual da vacina da gripe. A fórmula passa por modificações que incluem as variantes do H1N1 mais incidentes no inverno anterior.

“É por isso que é necessário tomar a vacina da gripe todos os anos. A vacina desse ano contempla os vírus que foram mais circulantes na estação anterior. Conforme se percebe que a capacidade de proteção da vacina está diminuindo, se substitui o material genético ou a versão do vírus que está sendo usada”, explica a especialista em vacinas.

A pesquisadora explica que, no caso da Covid-19, não será diferente. A produção das vacinas poderá ser adaptada para atender ao surgimento de novas variantes. As fórmulas que estão sendo administradas no Brasil usam tecnologias diferentes: a Coronavac é produzida a partir do vírus Sars-CoV-2 inativado e a de Oxford/AstraZeneca utiliza um vetor viral não-replicante de adenovírus de chimpanzé (um vírus de gripe comum).

Para a atualização da Coronavac, bastaria fazer a substituição do vírus. No caso do imunizante Oxford/AstraZeneca, os cientistas substituiriam o DNA inserido no adenovírus. Na quinta-feira (11/2), os cientistas da farmacêutica informaram que o desenvolvimento de uma fórmula adaptada para as novas variantes do coronavírus deve demorar de seis a nove meses para ser concluído.

Recomendação de uso

Mesmo com as incertezas sobre as fórmulas em uso, os especialistas sugerem que a vacinação deve continuar até para que o mundo não seja surpreendido por novas linhagens.

“Quanto mais a vacinação demorar, maior é a chance para o vírus se adaptar às células e produzir linhagens mais patogênicas, que podem também ser mais transmissíveis”, esclarece Bergmann Ribeiro, professor do Instituto de Biologia da UnB, especialista em mutações de vírus.

Em um esforço para incentivar a vacinação, a Organização Mundial de Saúde (OMS) tem repetido que os benefícios das vacinas contra Covid-19 ultrapassam os possíveis riscos de elas não serem eficazes em todos os casos.

“Essa é a evolução natural do vírus. Pela primeira vez, temos informações genômicas sendo compartilhadas rapidamente, e nossa habilidade de acompanhar as mutações melhorou muito. Mas não podemos entrar em pânico”, afirmou a cientista-chefe da entidade, Soumya Swaminathan.

Entenda o que são mutações e como elas acontecem:

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