Coqueluche ou pneumonia? Médica explica como diferenciar sintomas
Confira os principais sintomas da coqueluche, doença que voltou a preocupar o mundo, e saiba diferenciá-los da pneumonia
atualizado
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O mundo está em alerta com o aumento dos casos de coqueluche. No primeiro semestre de 2024, diversos países registraram um crescimento significativo de pacientes diagnosticados com a doença, e o problema também gera preocupação para os Jogos Olímpicos de Paris.
O Ministério da Saúde do Brasil emitiu duas notas técnicas na última semana alertando tanto os atletas quanto os turistas que se preparam para ir às competições na França a reforçarem seus esquemas de vacinação.
Além da coqueluche, outra doença que merece atenção é a pneumonia, causada pela bactéria Mycoplasma pneumoniae. A Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou que, em São Paulo, de janeiro a abril deste ano, foram registrados 25.981 atendimentos e 28.703 internações causadas pela enfermidade.
Diante do aumento dos casos, é fundamental saber diferenciar as duas doenças para garantir o diagnóstico correto e tratamento adequado.
Coqueluche x pneumonia
A médica infectologista Eliana Bicudo, da Sociedade Brasileira de Infectologia do DF, explica que a coqueluche é uma infecção respiratória, transmissível e causada pela bactéria Bordetella pertussis, que está presente em todo o mundo. É conhecida por causar tosse intensa e prolongada, especialmente em crianças.
A transmissão ocorre, principalmente, pelo contato direto do doente com uma pessoa não vacinada por meio de gotículas eliminadas por tosse, espirro ou até mesmo ao falar.
Já a pneumonia é uma infecção dos pequenos sacos de ar (alvéolos) do pulmão e tecidos circundantes. Pode ser causada por diferentes microrganismos, incluindo bactérias, vírus, micobactérias, fungos e parasitas.
A doença apresenta sintomas como febre alta, dor no peito e dificuldade para respirar, e é uma das causas mais comuns de morte no mundo.
Como diferenciar?
“A coqueluche causa febre que não é tão alta, dor de garganta e tosse, porque se desenvolve uma traqueíte (inflamação da traqueia) e bronquite. O principal sintoma é a tosse seca, persistente e irritante que pode durar duas, três semanas”, explica a médica infectologista.
Já a pneumonia é uma doença que causa febre alta e dor no corpo. A tosse também existe, porém é considerada produtiva, com presença de catarro e expectoração.
“O comprometimento pulmonar causado pelo pneumococcus pode levar à insuficiência respiratória. O pulmão adoece e não consegue fazer as trocas gasosas de forma adequada, o que não acontece na coqueluche. Se não for tratado, pode ser fatal”, complementa.
Eliana explica que a tosse da coqueluche é totalmente característica. “É uma tosse metálica, persistente, em que o paciente chega a ficar roxo de tanto tossir. É totalmente diferente da pneumonia e é fácil fazer esse diagnóstico diferencial”, afirma.
Diagnósticos
O diagnóstico da coqueluche em estágios iniciais é difícil, pois os sintomas podem parecer os causados por resfriados ou até mesmo outras doenças respiratórias. A tosse seca é um forte indicativo da condição, mas o médico pode pedir coleta de material de nasofaringe para análise e confirmação da infecção.
No caso da pneumonia, o diagnóstico começa com o médico analisando o histórico do paciente, incluindo a ocorrência anterior de outras enfermidades relacionadas ao trato respiratório.
Também é realizado exame clínico, que consiste em ouvir o pulmão para verificar se há algum ruído que sugira a incidência de pneumonia. Caso exista suspeita da doença, pode ser feito o raio-x de pulmão, que permite confirmar, determinar o local e a extensão da infecção.
Vacinação
A forma mais eficaz de evitar a coqueluche é pela imunização. A vacina é fornecida para crianças de 2, 4 e 6 meses de idade e precisa do reforço aos 15 meses e 4 anos de idade na população pediátrica.
Mulheres grávidas também devem tomar a vacina contra coqueluche e podem ser imunizadas a partir da 20ª semana de gestação.
“A vacinação visa estimular a produção de anticorpos na mãe, que serão transferidos para o bebê. A partir do nascimento, esse bebê vai estar protegido até os dois meses de idade, quando vai começar o seu esquema vacinal. Os profissionais de saúde também têm indicação de se vacinar”, ensina o infectologista André Bon, do Exame Medicina Diagnóstica, da rede Dasa no DF.
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