Contenção dentária pode estragar os dentes? Entenda
Após alerta de professora da USP, o uso de um tipo de contenção dentária começou a ser debatido nas redes sociais. Saiba se há riscos
atualizado
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Após tratamentos ortodônticos longos, é comum a recomendação para o uso de contenções dentárias. São arames colados na parte de trás dos dentes que ajudam a mantê-los na posição correta e impedem que eles voltem a se movimentar. Entretanto, recentemente, surgiram questionamentos sobre a segurança e efetividade desses dispositivos.
Nas redes sociais, estão viralizando vídeos com alertas sobre os riscos de uso das contenções. A onda começou com uma postagem da professora de odontologia da USP Daniela Garib. Ela mostrou um exame de imagem da arcada dentária de um paciente que mostrava um dente descolado do maxilar. Outro alerta feito por um estudante de odontologia já foi visto por 13 milhões de pessoas.
A presidente da Associação Brasileira de Ortodontia e Ortopedia Facial (ABOR), Carla D’Agostini Derech, esclarece que, de fato, a prescrição de contenções onduladas está sendo revista. Segundo ela, novas evidências apontam que, ao invés de facilitar a limpeza, esse tipo de dispositivo pode promover o acúmulo de placa e tártaro.
“Se o acompanhamento por feito com profissional habilitado, os riscos diminuem. Mas, existem relatos de perdas ósseas importantes causadas pelas contenções onduladas, por isso muitos profissionais não indicam mais esse dispositivo”, afirma Carla D’Agostini Derech.
Deiscências ósseas
Em sua postagem, a professora Daniela Garib recomenda que os especialistas em saúde bucal revejam a indicação da contenção ondulada devido às “deiscências ósseas”. O termo diz respeito ao processo que deixa os dentes soltos devido à retração de tecidos.
Os mesmos riscos já haviam sido descritos em um estudo publicado na Revista Clínica de Ortodontia Dental em 2019. Em testes realizados com 21 usuários de contenções onduladas, foram encontrados 25 dentes comprometidos em grau médio, especialmente os incisivos centrais inferiores. Alguns dentes tinham se descolado quase 5 milímetros do maxilar.
Os casos, porém, não significam que todas as contenções são contraindicadas. A presidente da ABOR, Carla D’Agostini Derech, tranquiliza os usuários. “Faltam estudos randomizados que nos ajudem a entender o tamanho do problema. Ou seja, por hora, as contenções não estão proibidas. O uso deve ser avaliado e acompanhado caso a caso”, afirma.
Também não são necessárias retiradas de urgência destes equipamentos. “Estas contenções estão longe de serem isentas de problemas, mas não podemos ficar sem elas. Se retiramos, os dentes na maioria das vezes, vão entortar de novo e perdemos todo o resultado do tratamento que foi conseguido com a ortodontia”, explica o dentista Marcelo Mannis, de São Paulo.
Segundo o cirurgião-dentista Leonardo Wenzel, da clínica Angélica Valim, em São Paulo, este grau alto de periodontia que leva à perda de um dente costuma demorar a ocorrer. “Claro que é preciso ficar de olho, até pela tendência de acúmulo de tártaro na região. A contenção é sempre onde há mais tártaro, por isso é essencial ter um acompanhamento regular com o dentista”, conclui.
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