Conselheiro da OMS: varíola de macaco foi espalhada em raves na Europa
O surto teria surgido a partir de duas festas de música eletrônica. Especialistas alertam que a varíola não é uma “doença gay”
atualizado
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De acordo com o epidemiologista David Heymann, conselheiro da Organização Mundial de Saúde (OMS), o surto de varíola de macaco provavelmente é um evento “aleatório”, e surgiu depois de duas festas de música eletrônica na Europa: uma na Espanha e outra na Bélgica.
“Sabemos que a varíola de macaco pode ser espalhada quando há contato próximo com as lesões de uma pessoa infectada, e parece que o contato sexual pode ter amplificado a transmissão”, explicou o professor, em entrevista à rede de notícias Associated Press.
O especialista, que também faz parte da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, no Reino Unido, afirma que, provavelmente, uma pessoa infectada desenvolveu lesões nos genitais ou nas mãos, e contaminou outros durante o sexo ou um outro tipo de contato físico. A princípio, a transmissão não acontece pelo sêmen, e sim pelo líquido das feridas típicas da doença.
O vírus da varíola de macaco também tem transmissão por gotículas, mas, nesta modalidade, seu poder de infecção é muito menor do que o da Covid-19, por exemplo. Em um ambiente de aglomeração, como as raves, a doença pode ter se espalhado para indivíduos de outros países, o que explicaria os casos isolados em locais tão diferentes.
“Não é uma doença de pessoas gays”
A OMS afirmou, no sábado (21/5), que a maioria (mas não todas) as pessoas infectadas são homens gays ou bissexuais. A informação criou uma onda de estigma contra os grupos, que estão sendo culpados por espalhar a doença.
“Essa não é uma doença de pessoas gays, como alguns tentaram rotular nas redes sociais. Não é o caso. Qualquer pessoa pode ter varíola de macaco com contato próximo, você não precisa fazer sexo para transmitir o vírus. Contato pessoal é suficiente”, afirmou outro conselheiro da OMS, o infectologista Andy Seale.
“Não é sobre sexualidade”
O professor de saúde pública Andrew Lee, da Universidade de Sheffield, no Reino Unido, escreveu, no site de divulgação científica The Conversation, que é importante informar a população sobre as formas de transmissão da varíola de macaco para não criar um medo irracional na comunidade LGBTQI+.
“Não é sobre sexualidade: as pessoas tendem a se infectar pelo contato físico próximo, e ele não precisa ser sexual. Uma boa proporção de casos até agora aconteceu com homens que fazem sexo com homens, mas isso reflete apenas a rede social. O surto poderia ter surgido da mesma maneira em um grupo de amigos heterossexuais, ou em um time que pratica esportes junto. Se fosse o caso, eles seriam estigmatizados como estão sendo os pacientes gays e bissexuais?”, questiona o professor.
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