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Médico explica como surgem as alergias alimentares

Especialista explica que a alergia pode surgir em qualquer fase da vida. Confira formas de indentificação, sintomas e tratamentos

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As alergias alimentares são uma reação anormal do corpo desencadeada quando o sistema imunológico reconhece alguns alimentos como estranhos. Porém, as causas exatas sobre essas reações ainda são um mistério.

O alergista José Luiz de Magalhães Rios, membro do Departamento Científico de Alergia Alimentar da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), conta que uma série de explicações têm sido estudadas para entender os possíveis fatores que desencadeiam as alergias alimentares.

“Além das mudanças da flora intestinal, pode ter relação com um tipo de alimentação de hoje em dia, com muita química nos alimentos. Existe uma série de hipóteses, né? A própria civilização, modernização e excesso de higiene estariam relacionados com o aumento da alergia alimentar”, diz.

Um outro fator importante seria o momento de desmame. A fase entre 4 a 8 meses de idade é o momento ideal para os alimentos serem apresentados à criança, pois o sistema imunológico já está desenvolvido para lidar com o processo de tolerância.

“Se o alimento é apresentado muito antes dos 4 meses, por exemplo, uma mamadeira de leite, essa criança pode não ter o sistema imunológico desenvolvido e se tornar alérgica ao leite pela reação. Da mesma forma, se você retarda muito a introdução de um alimento, se deixa para apresentar depois de 1 ano com medo da alergia, aí sim, essa janela de tolerância passou e aumentam as chances da criança se tornar alérgica àquele alimento”, esclarece.

Apesar disso, a alergia alimentar pode surgir em qualquer fase da vida — algumas, inclusive, aparecem normalmente em adultos, como ao camarão, algumas frutas ou castanhas. Segundo o alergista, o quadro também pode estar relacionado à saúde da família.

“Pode existir uma tendência a ser alérgico, mas o paciente não obrigatoriamente nasce com alergia alimentar. Na verdade, é preciso um contato prévio com a substância alergênica para, após isso, surgir a alergia”, explica.

Alimentos mais alergênicos

Nas crianças, os mais alergênicos são leite, ovo, trigo e soja. Já nos adultos, observa-se mais o camarão, frutos do mar, peixes, algumas frutas e as castanhas (nozes, castanha do Pará, castanha de caju, amêndoas, avelãs e amendoim).

O médico lista sete alimentos considerados mais alergênicos, independente da faixa etária:

  • Leite;
  • Ovo;
  • Trigo;
  • Soja;
  • Peixes;
  • Frutos do mar;
  • Castanhas e derivados.

Como identificar

Diante de uma suspeita de alergia alimentar, o mais importante é o histórico clínico. O médico deve investigar quais foram os sintomas e quais são os alimentos suspeitos.

O principal teste é o exame de sangue para IgE específico, que mostra ao que e a qual antígeno a pessoa tem alergia. Também é possível pedir a dosagem da IgE específica para algumas proteínas quando se tem uma suspeita mais forte e há dúvida se o alimento tem reação cruzada com outros.

Outra opção é o teste cutâneo alérgico: é aplicada uma proteína do alimento com uma pequena perfuração na superfície da pele, e depois de aproximadamente 15 a 20 minutos, o médico verifica se há algum tipo de reação.

Existe também o teste de provocação oral, que é realizado em ambiente controlado e sob supervisão médica direta, para garantir socorro em eventuais reações alérgicas, garantindo a segurança do paciente.

“Nada mais é do que fazer o paciente comer o alimento sob supervisão do médico. Quando os exames não deram resultados positivos, mas a história foi muito sugestiva, esse tipo de teste acaba sendo o que tira todas as dúvidas”, explica José Luiz.

Os principais sintomas

Os principais sintomas da alergia alimentar podem ser digestivos, como cólica, vômito e enjoo. O quadro também pode apresentar sinais na pele, como a urticária, que é uma irritação cutânea caracterizada por lesões avermelhadas e levemente inchadas, além de inchaço nos olhos, na boca e nos lábios.

Outros sintomas são os respiratórios, como falta de ar, tosse e sufocação; e nasais, incluindo coriza, rinite, espirros e os olhos lacrimejando. O médico aponta que, em quadros graves, o paciente pode ter um choque anafilático — nesses casos, o indivíduo pode apresentar vários sintomas ao mesmo tempo, incluindo perda da consciência, e chegar a ter uma parada cardíaca.

Tratamento

A melhor forma de tratar uma alergia alimentar, uma vez constatado o quadro alérgico, é evitar a ingestão do alimento e seus derivados. Outras formas de lidar com o problema são:

• Administração de anti-histamínicos;
• Utilização de corticoides para aliviar os sintomas;
• Em casos de reações alérgicas severas, como o choque anafilático, pode-se indicar a aplicação de adrenalina e o uso de uma máscara de oxigênio.

“Quando são alimentos muito presentes, como no caso do leite, em que a pessoa pode ingerir até de forma acidental, existe um tratamento de dessensibilização. A imunoterapia oral pode ser usada para tratar problemas mais graves, como alimentos que são mais difíceis de evitar, e pode fazer com que uma pessoa alérgica a um determinado alimento passe a tolerá-lo na sua dieta. Mas é um tratamento longo, trabalhoso”, explica.

Existe cura?

Para as formas de alergia alimentar que começam na infância, segundo o médico, a maioria das crianças evolui para adquirir tolerância ao alimento com o passar dos anos.

“Entre os 4 e os 10 anos de idade, algumas crianças podem ficar persistentemente alérgicas e vão carregar aquela alergia até a adolescência ou a idade adulta. Esses quadros podem ser tratados com a imunoterapia oral ou com a dessensibilização, que consiste na diluição do alimento alergênico de forma que o paciente aprenda a tolerar maiores quantidades”, diz o especialista.

Já as alergias que surgem no fim da infância, adolescência ou na idade adulta, tendem a ser persistentes e durar a vida inteira. De acordo com o médico, é difícil falar em cura desse tipo de problema.

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