Sem bateria social? Veja como manter o ânimo nas confraternizações
Especialistas ouvidos pelo Metrópoles explicam por que nos sentimos pressionados com o volume de confraternizações de dezembro
atualizado
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Dezembro costuma ser um mês agitado, marcado por uma série de confraternizações que antecedem as festas de Natal e Ano Novo. Para algumas pessoas, é um período ótimo para rever os amigos. Para outras, no entanto, os compromissos sociais acabam sendo muito desgastantes. Falta “bateria social”.
O termo “bateria social” se popularizou como uma forma simples de explicar quando não se tem mais energia para socializar com outras pessoas. “Embora esse termo seja uma metáfora, ele reflete bem a prática na clínica. Os nossos recursos emocionais e psicológicos têm limites”, afirma o psicólogo e neurocientista Julio Peres, que atende na Clínica Julio Peres, em São Paulo.
Peres explica que as interações sociais exigem atenção, empatia e envolvimento emocional. O excesso de compromissos, por sua vez, pode acabar com a disposição das pessoas. De acordo com o psicólogo, todos precisam recarregar as baterias, até mesmo os extrovertidos, que sentem prazer em socializar. “Recarregar essa bateria não é fraqueza, é uma resposta natural às necessidades do corpo e da mente”, afirma.
O psiquiatra Alexandre Valverde, esclarece que o cérebro é um órgão que utiliza energia. Então, quando há uma demanda excessiva, ele tende a entrar em esgotamento. “Cada um tem o seu limite para interações sociais. Para algumas pessoas, isso vai durar uma hora, para outras, quatro”, afirma.
Pressão com o trabalho
O psicólogo Julio Peres destaca que a pressão se agrava em dezembro, especialmente por ser um mês cheio de demandas profissionais, com metas a cumprir. O cansaço decorrente da sobrecarga é perigoso porque pode adoecer e levar à síndrome de burnout, um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico.
“Dezembro é o mês que nós mais atendemos pacientes em burnout. Depois, por incrível que pareça, são janeiro e fevereiro porque o burnout deixa sequelas. Não é da noite para o dia ou em uma semana que o indivíduo consegue restaurar o que o adoece”, afirma Peres.
Compreender os próprios limites é fundamental para evitar o esgotamento emocional e todas as outras comorbidades que o acompanham, como as doenças psicossomáticas (problemas físicos causados por sofrimento emocional).
Como manter a energia para as confraternizações?
Os especialistas ouvidos pelo Metrópoles dão algumas dicas para que as confraternizações de dezembro sejam mais prazerosas.
Qualidade em vez de quantidade
Escolha bem os eventos que realmente têm significado para você. A confraternização não pode ser uma demanda que cause ansiedade.
Prepare-se emocionalmente
Reserve alguns momentos de autocuidado antes de ir para os compromissos que foram assumidos e são importantes. Pratique uma meditação, um exercício físico, tenha uma alimentação regrada e mantenha o sono de qualidade.
Saiba o momento de ir embora
Os encontros também podem ser prazerosos se forem rápidos, sem a necessidade de passar uma noite inteira naquele compromisso simplesmente por obrigação.
Quando houver liberdade, a pessoa pode dar uma dica ao amigo, falando de maneira delicada sobre seus outros compromissos ou sua necessidade de descanso.
Busque apoio
Participar desses eventos, com as pessoas próximas, pode tornar a experiência mais agradável e mais tranquila se você compartilhar responsabilidades da organização, por exemplo.
Fique atento aos sinais do corpo e mente
Cansaço e irritabilidade são alguns sinais que o corpo dá de que é preciso colocar o pé no freio e ponderar mais na escolha dos eventos.
Não tenha medo de dizer não
“O não é um sim para a sua saúde. É importante você considerá-lo”, compara o psicólogo Julio Peres. O especialista considera importante aprender a recusar convites. O ato pode ser uma boa forma de preservar a saúde emocional.
Entenda as suas prioridades e respeite o seu tempo
Segundo Peres, é importante identificar os valores pessoais e o que faz sentido como prioridade em relação ao tempo disponível.
“O período de dezembro pode ser muito intenso, mas também traz oportunidades muito boas para o autoconhecimento. Se você sente dificuldade para lidar com essas demandas sociais ou percebe que a sua saúde emocional está sendo impactada, procure ajuda. Com a psicoterapia é possível desenvolver ferramentas para lidar melhor com esses desafios, de maneira que possamos construir uma relação mais saudável consigo mesmo e também com os outros”, aconselha Peres.
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