Como está a vacinação no Japão, citado por Bolsonaro e sede das Olímpiadas?
Campanha de vacinação contra a Covid no país asiático só começou no fim de maio. Presidente erra ao dizer que “97% não quiseram se vacinar”
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro afirmou, neste sábado (24/7) que, se ele tivesse coordenado o combate à Covid-19 no Brasil, não teria morrido tanta gente. Também disse que no Japão, país onde estão acontecendo as Olímpiadas, mais de 97% da população “não quis se vacinar”.
As declarações foram feitas em frente ao Palácio da Alvorada, em um encontro com apoiadores. A vacinação no Japão, de fato, está atrasada. No entanto, não corresponde ao percentual citado pelo presidente nem aos motivos.
De acordo com informações deste sábado do site Our World in a Data, que acompanha a vacinação no mundo, o Japão já imunizou 35,2% de sua população com ao menos uma dose da vacina. No Brasil, o mesmo percentual é de 46,2%, enquanto na Inglaterra a primeira dose chegou a 68,4% da população e, nos EUA, a 56,%.
Os primeiros centros de vacinação no país asiático só foram abertos em 24 de maio, isso por conta de severas leis regulatórias do país. Atualmente, os imunizantes Pfizer/BioNTech, Oxford/AstraZeneca e Moderna estão sendo aplicados.
Leis regulatórias
Para a aprovação de uma vacina, o Japão exige que os ensaios clínicos – quando o medicamento é testado em voluntários – sejam feitos no país e, como o combate à pandemia da Covid-19 foi exemplar por lá, o país não se tornou um destino procurado pelos laboratórios. Isso porque, para se chegar aos resultados de eficácia mais rápido em ensaios clínicos, é importante que haja alta circulação do vírus.
O atraso para o início da campanha de imunização provocou pressão popular sobre o governo japonês, mas, atualmente, milhares de pessoas são vacinadas todos os dias. Neste mês de julho, em várias datas, a vacinação superou a meta do premiê Yoshihide Suga, de aplicar 1 milhão de doses por dia.
O nível de desconfiança da população japonesa em relação à vacina contra Covid-19 é alto, de 47%, segundo pesquisa global do Imperial College de Londres e da empresa de opinião pública YouGov de maio, mas passa longe do percentual citado pelo presidente.