metropoles.com

Como o cigarro comum e o eletrônico reduzem a expectativa de vida

Consumidores de cigarro eletrônico apresentam índices de nicotina no organismo equivalentes a fumar 20 cigarros convencionais por dia

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Getty Images
Foto em Close da mão de um homem segurando um cigarro fino e reto - Metrópoles
1 de 1 Foto em Close da mão de um homem segurando um cigarro fino e reto - Metrópoles - Foto: Getty Images

O tabagismo reduz em até 14 anos a expectativa de vida das mulheres e em dez anos a dos homens. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 8 milhões de pessoas morrem anualmente em consequência do hábito de fumar – no Brasil são cerca de 200 mil óbitos ao ano.

E isso não vale só para o cigarro convencional. Moda entre os mais jovens e artifício usado entre os mais velhos na tentativa de evitar o cigarro, os dispositivos eletrônicos (conhecidos como vapes) também são um problema, já que consumidores desse tipo de aparelho apresentam índices de nicotina no organismo equivalentes a fumar 20 cigarros por dia.

O assunto foi discutido no final de maio, durante o 44º Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp).

A nicotina é um composto presente nas plantas de tabaco e a principal causadora de dependência dessa droga. Ela é absorvida pelo organismo por meio da fumaça do cigarro, ultrapassa a barreira do sangue e chega ao cérebro muito rápido — em cerca de nove segundos após a tragada.

Ao chegar ao sistema nervoso central, ela estimula uma série de receptores e provoca sensação de prazer e bem-estar. Mas por pouco tempo, o que faz o fumante querer uma nova dose de nicotina em poucos minutos.

“A nicotina é uma droga psicoativa, que chega ao sistema nervoso central de uma forma muito rápida. Com os vapes, ela chega mais rápido ainda ao cérebro e isso leva a um grau de dependência muito grande”, explica o pneumologista Marcelo Rabahi, do Hospital Israelita Albert Einstein de Goiânia. A nicotina presente nos vapes é a mesma do cigarro convencional.

“Os adolescentes começam a usar as versões eletrônicas com aromas, como se fosse uma brincadeira. Mas a droga que causa dependência está presente e provoca a necessidade de utilizar o vape em intervalos cada vez menores. E como a informação entre os jovens é a de que o cigarro eletrônico não faz mal à saúde, o uso é cada vez maior”, alerta Rabahi.

A redução da expectativa de vida entre usuários de cigarro convencional ou eletrônico acontece justamente porque os consumidores apresentam índices de nicotina no organismo muito elevados e, consequentemente, estão mais suscetíveis a desenvolver os problemas de saúde relacionados ao tabagismo. Entre elas, estão doenças respiratórias como a bronquite crônica e o enfisema, e ainda câncer de pulmão e doenças cardiovasculares, a exemplo de arritmias cardíacas, infarto e o acidente vascular cerebral (AVC).

“O tabagismo aumenta o risco de lesões no endotélio dos vasos sanguíneos, levando a doenças cardiovasculares. Além disso, o cigarro possui substâncias cancerígenas que levam ao câncer de pulmão. Fumar também provoca alterações e destruição da parede interna dos brônquios, que vão ficando inflamados, e isso causa bronquite. Também há destruição dos espaços alveolares, por onde o oxigênio chega no pulmão e passa para o sangue, causando enfisema”, exemplifica Rabahi.

Segundo a cardiologista Jaqueline Scholz, assessora científica da Socesp e especialista no tratamento do tabagismo, o coração é o órgão mais prejudicado pela nicotina. “A substância é responsável por liberar adrenalina, que acelera o coração, aumenta o consumo de oxigênio e a pressão arterial. Esse processo favorece a aterosclerose, o infarto, a morte súbita e o AVC. E isso consequentemente reduz a expectativa de vida dos consumidores”, alerta a especialista, que palestrou sobre o assunto no congresso.

Polêmica na regulamentação

No Brasil, o comércio de cigarros eletrônicos é proibido desde 2009 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Em abril de 2024, a agência reguladora manteve a proibição, após ampla análise dos resultados das pesquisas científicas mais atuais sobre o tema. Apesar disso, o consumo ocorre livremente no país, especialmente entre os mais jovens.

E o imbróglio está longe de acabar. Um projeto de lei (PL 5008/2023) em andamento no Senado autoriza, mediante registro na Anvisa, a produção, o consumo, a venda, a exportação e a importação dos cigarros eletrônicos. O texto proíbe o uso dos vapes em espaços fechados, além da venda e do consumo por menores de idade. O senador Eduardo Gomes (PL-TO), relator do texto, avalia que o projeto poderá “reduzir danos” do mercado desenfreado de cigarros eletrônicos. A proposta, que vai contra a decisão da Anvisa de manter a proibição desses dispositivos, seria votada pelos senadores no último dia 11 de junho, mas foi adiada.

“Apesar de não expor o usuário ao monóxido de carbono, uma vez que não ocorre combustão [o aquecimento é feito por bateria], o vape promove a dependência de nicotina. A adoção do conceito de redução de danos, indevidamente apropriada pela indústria do tabaco, não passa de mais uma estratégia de marketing”, alerta Sholz, da Socesp.

O médico do Einstein também afirma ser contra a liberação dos cigarros eletrônicos no Brasil. “Sou totalmente contra, porque eles são absolutamente maléficos para a saúde. Aqueles países que assumiram posição de liberar estão revendo seus posicionamentos. O vape não é recreativo, mas uma forma nova, disfarçada e diabólica de estimular o uso da nicotina para que as pessoas fiquem dependentes dessa droga”, adverte Marcelo Rabahi.

(Fonte: Agência Einstein)

Siga a editoria de Saúde no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comSaúde

Você quer ficar por dentro das notícias de saúde mais importantes e receber notificações em tempo real?