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Comerciante recebe fígado e rim em transplante duplo no DF

Procedimento realizado no Hospital Brasília garantiu que o comerciante recuperasse a saúde após ter os órgãos comprometidos

atualizado

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Hospital Brasília/Divulgação
Fotografia colorida de centro cirúrgico com profissionais ao redor da maca
1 de 1 Fotografia colorida de centro cirúrgico com profissionais ao redor da maca - Foto: Hospital Brasília/Divulgação

“Eu não podia desistir”, disse o comerciante Fernando Regis Alves Cavaleiro, 48 anos, que ganhou uma nova chance de vida ao receber um fígado e um rim em um transplante duplo realizado no Hospital Brasília.

Há um ano, Fernando, que mora em Goiânia, teve um mal estar no dia de seu aniversário, em 8 de março. No hospital, descobriu que seu fígado estava comprometido por uma cirrose.

“Fiz uma redução de estômago em 2015. É muito fácil uma pessoa que passa pela cirurgia bariátrica abusar do álcool. Quando cheguei ao hospital, foi questão de tempo até me dizerem que, além do fígado, os rins também não funcionavam mais”, relata.

Não demorou muito para que o paciente fosse informado pelo médico André Watanabe, coordenador do programa de transplante de fígado do Hospital Brasília, que um transplante duplo, embora fosse complicado, seria a única maneira de lhe garantir a sobrevivência.

“Eu disse ao médico que não iria desistir, que queria viver. Passei o Natal e o Ano Novo numa angústia. Eu era o primeiro da fila, mas sentia muita angústia pois passava muito mal. Foi quando, em 9 de janeiro, minha esposa foi trabalhar, eu fiquei em casa e o telefone tocou”, recorda.

A ligação era de uma enfermeira do Hospital Brasília, pedindo que o paciente se dirigisse ao DF imediatamente, pois órgãos compatíveis de uma mulher de 31 anos que havia falecido no Mato Grosso esperavam por ele. “Nem pude beber água, pois ia fazer o transplante no mesmo dia. Cheguei em Brasília e, meia noite do mesmo dia, eu já estava no centro cirúrgico”, recorda.

O transplante duplo, de rim e fígado, não é algo comum. Em 2019, ano sobre o qual a da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) tem informações mais recentes, só foram feitos 16 deste tipo no Brasil, sendo que nenhum deles em Brasília.

Segundo o nefrologista do Hospital Brasília Pedro Mendes Filho, o transplante duplo não é comum porque, para que isso ocorra, é necessário uma combinação de doenças crônicas. “Ele tinha duas doenças ao mesmo tempo: era portador de cirrose que prejudicou o rim. Passados os 90 dias de hemodiálise, o paciente se tornou um renal crônico, sem rim e sem fígados funcionando”, explica.

No transplante duplo, as duas operações ocorrem no mesmo ato cirúrgico, porém de maneira sequencial como explica o especialista em fígado André Watanabe. De acordo com o médico, primeiro é colocado o fígado, pois o tempo de vida dele fora do organismo é menor. Logo depois troca-se a equipe e o rim é instalado.

“Esta é uma cirurgia que pode ser realizada em diferentes idades, mas depende da condição do paciente. Não é um procedimento incomum, mas acontece com baixa frequência. Por exemplo, em mais de 600 casos a gente fez no máximo 10, ou seja, foram menos de 2%. É uma cirurgia extensa, com mais de dez horas”, destaca Watanabe.

Três rins

O nefrologista explica que Fernando agora vive com três rins. “Ele perdeu a função dos dois rins. Porém, para o transplante só é necessário um rim e é o suficiente para a vida dele. No caso do fígado, a equipe tirou o fígado doente e colocou outro no lugar. No rim não é necessário tirá-los, apenas implantar o novo em outro lugar próximo. A pessoa continua com os rins antigos mesmo não funcionando”, revela. (Com informações da assessoria de comunicação do Hospital Brasília)

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