Comer pizza duas vezes na semana melhora rendimento de atletas
Estudo inédito revela que pessoas que fazem dieta restritiva e treinam crossfit tiveram melhor rendimento depois de burlar o plano alimentar
atualizado
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Treinar forte e fazer uma dieta restritiva não é necessariamente uma equação de sucesso, conforme informações de um estudo inédito publicado recentemente no Journal of Sports Sciences e produzido por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A análise revelou que atletas de crossfit que burlaram o plano alimentar comendo pizza duas vezes na semana tiveram um desempenho melhor do que aqueles que mantiveram 100% da dieta.
Esse é o primeiro estudo sobre características clínicas, metabólicas e hormonais no crossfit. Um dos autores é o endocrinologista brasileiro Flávio Cadegiani. “Para esses atletas, enganar a dieta algumas vezes pode ser altamente benéfico, pois aumenta o desempenho e, paradoxalmente, induz a queima de gordura”, explica o especialista. Os 39 atletas selecionados eram de alto nível e seguiam uma dieta restritiva em carboidratos. Eles foram acompanhados durante três meses, fazendo desde exames de sangue até análises de comportamento psicológico.
Segundo o médico, a justificativa para comer pizza e ter melhor rendimento é metabólica, pois quando o corpo fica muito tempo em uma dieta restritiva, o metabolismo fica mais lento, atuando em modo “energy safe” – o que significa que o corpo usa a energia que está guardada e, em vez de queimar gordura, passa a queimar músculo.
A pesquisa comprova que o metabolismo de quem não saiu da dieta (dieta rígida e seguida por atletas de alto nível) caiu seis vezes mais do que o daqueles que cometeram suas extravagâncias. “Acreditamos que isso tem a ver com a maior disponibilidade de energia oferecida pelas fontes de carboidrato. Com mais combustível, o corpo dos atletas que burlaram a dieta restritiva trabalhou de forma mais eficiente. Melhorou a performance, a velocidade, a força e a execução”, relata Cadegiani.
Os atletas que seguem uma dieta de baixo carboidrato a longo prazo podem sofrer de uma “versão contemporânea” da síndrome do excesso de treinamento, desencadeada pela subalimentação pelo excesso de esforço, o que afeta hormônios, metabolismo, músculos, humor e hidratação corporal.