Com vacina, Reino Unido reabre completamente a economia nesta segunda
País aposta na alta cobertura vacinal para flexibilizar o distanciamento social mesmo com críticas dos especialistas, que temem nova onda
atualizado
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Um dos países mais cuidadosos com o isolamento social e o mais afetado pela Covid-19 na Europa, o Reino Unido inaugura, nesta segunda-feira (19/7), o último passo da reabertura da economia após as restrições da pandemia. Com 67,5% da população vacinada com as duas doses, o governo espera ter o vírus sob controle.
A partir de hoje, não há limites em quantas pessoas podem se encontrar em reuniões; casamentos e funerais estão liberados; shows de música, espetáculos de teatro e eventos esportivos podem acontecer com público; e restaurantes e pubs podem funcionar sem a obrigatoriedade de serviço exclusivamente à mesa (o cliente pode levantar e pedir a própria bebida no balcão, por exemplo).
O uso de máscara não é mais obrigatório por lei (embora o governo recomende que se continue usando o item em locais fechados e cheios, e funcionários de transporte público e alguns comércios tenham que utilizar a proteção). Também foram retiradas as restrições de viagens a alguns países (o Brasil não está incluso), e pessoas vacinadas não precisarão mais cumprir quarentena ao chegar de viagem dessas nações.
A maioria das escolas poderá funcionar normalmente, sem bolhas de isolamento, e pessoas em home office serão encorajadas a voltar para o presencial gradualmente.
Uma das medidas mais polêmicas é que adultos vacinados com as duas doses do imunizante contra Covid-19 não precisarão mais se isolar após contato com um caso confirmado. O governo sugere que a população continue dando preferência a encontros em ambientes externos, e que locais como boates e grandes eventos usem um passaporte de vacina, só liberando o acesso a quem já tiver sido vacinado.
Porém, às vésperas da mudança, o Reino Unido registra o maior número de novos casos desde janeiro, com mais de 50 mil novos diagnósticos em um dia. A Eurocopa, que foi disputada no país, a disseminação da variante Delta, além da queda na adesão às medidas de proteção, são algumas das explicações para a nova alta.
Especialistas britânicos afirmam que os números devem subir ainda mais nas próximas semanas, mas os casos que precisam de hospitalização ou evoluem para óbito seguem em queda. Se a situação sair de controle, com pressão no sistema de saúde, a expectativa é que o país entre em lockdown novamente.
Flávia Bravo, médica pediatra, membro da Comissão Técnica para Revisão dos Calendários Vacinais e Consensos da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), acredita que o país, ao contrário do Brasil, tem uma vigilância de circulação viral muito boa, e consegue ter uma noção melhor de onde está o coronavírus e os novos casos.
“Eu acho que é possível confiar. A gente já percebeu que os países europeus retrocedem quando necessário. Eles podem até ter tido um aumento do número de casos, mas não estão vendo isso em relação às internações e mortes. É o que se espera com a vacinação. Quanto maior é a cobertura vacinal e ela atinge um percentual alto, principalmente das duas doses, menor é a circulação do vírus. A partir daí deve-se começar pouco a pouco a relaxar as medidas de mitigação, o que eles fizeram adequadamente, diferente do que foi feito aqui. É uma questão de vigilância e o que todo país deveria ter”, opina a especialista.