Com medo da febre amarela, brasilienses já vacinados lotam postos
Secretaria de Saúde garante não haver surto no DF e que basta uma dose da vacina para evitar a doença. Seis casos estão sob investigação
atualizado
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A procura pela vacina contra a febre amarela disparou no Distrito Federal. O produto está em falta nas clínicas particulares. Na rede pública, o movimento é quatro vezes maior em alguns postos. Muitos brasilienses têm retornado para serem imunizados novamente. Segundo a Secretaria de Saúde, seis casos suspeitos da doença estão sob investigação, incluindo um paciente que morreu.
A estudante Nathália Evangelista, 23 anos, admitiu preocupação. Ela procurou o posto de saúde da QI 23, do Lago Sul, para se vacinar nesta quarta-feira (17/1). “Resolvi tomar a vacina e garantir a imunização. Já tomei anteriormente, mas cuidado nunca é demais”, contou.
A aposentada Selma Amorim, 82, disse que decidiu tomar a vacina porque vai viajar para Salvador (BA), atualmente área de risco: “Acho importante garantir essa proteção. Já fui vacinada, mas resolvi tomar outra vez”.A Secretaria de Saúde garantiu não haver surto da doença no Distrito Federal. Além disso, reforçou que o paciente já vacinado não necessita de nova dose. A pasta destacou que 86% da população está imunizada.
Ainda de acordo com a pasta, “todas as salas de vacina do DF estão abastecidas e existe um estoque com 11.250 doses armazenadas. As vacinas são enviadas aos estados e municípios pelo Ministério da Saúde. Caso se esgotem, a reposição será feita.”
A rede pública conta com 139 unidades básicas de Saúde (UBS) para imunização. A secretaria disponibiliza em seu portal a lista com os locais onde é possível tomar a vacina. Basta levar a caderneta de vacinação.
Já na zona rural, são 32 postos. Porém, nesses locais, o atendimento é marcado. É preciso entrar em contato pelo telefone 156 e saber o dia correto de vacinação.
Rede particular
O Metrópoles fez contato com seis clínicas de vacinação particulares. Em todas, o produto está em falta e sem previsão de chegada. Segundo os atendentes, os laboratórios não estão conseguindo suprir a demanda. Em média, nessas unidades, a imunização custa entre R$ 140 e R$ 250. A procura, que antes se limitava a menos de 10 pessoas por dia, chega a 100 em alguns estabelecimentos.
“As pessoas ficaram muito assustadas por conta do surto de febre amarela em São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. Por conta disso, a procura tem sido enorme”, contou uma das recepcionistas.
Dados da Secretaria de Saúde mostram que de janeiro a novembro de 2017 foram aplicadas 207.581 doses da vacina contra a febre amarela no DF. Os números do mês de dezembro ainda estão sendo compilados, assim como os de janeiro de 2018.
Em 2017, foram investigados 86 casos suspeitos de febre amarela em moradores do Distrito Federal. Desses, 83 foram descartados e três confirmados, com evolução para óbito. A pasta investiga a morte do vigilante Erondes Osmar da Silva, 58 anos, com suspeita da doença. A vítima faleceu no dia 3 de janeiro, no Hospital Regional de Ceilândia (HRC), após ser internada no dia anterior.
As amostras biológicas do homem foram coletadas e passarão por análise. Não há previsão para o resultado do exame. No mês passado, a SES confirmou a febre amarela como a causa da morte de um psicólogo de 43 anos, morador do Sudoeste.
Sintomas e tratamento
Os principais sintomas causados pela doença são febre alta, náuseas, vômitos e sinais de sangramento. Não existe um tratamento específico. Portanto, apresentando algum sinal, é recomendado procurar um médico imediatamente.
“A vacina é a principal forma de prevenção. Crianças acima de nove meses e adultos até 60 anos devem, obrigatoriamente, se imunizar. Também é recomendado o uso do repelente. Aos que pretendem viajar para locais onde existe um surto da doença, a vacina deve ser tomada pelo menos 10 dias antes”, alerta o professor em infectologia da Universidade Católica Vítor Laerte.
O que é
A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda, de curta duração e gravidade variável, causada por um arbovírus que é transmitido por artrópodes. As taxas de letalidade da doença variam de 5% a 50%.
No continente americano, a patologia apresenta dois ciclos de transmissão: silvestre e urbano. No silvestre, o macaco é o hospedeiro mais comum do vírus, e os vetores são essencialmente espécies silvestres de mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes. Já no ciclo urbano, o ser humano é o principal hospedeiro, e o mosquito Aedes aegypti é o vetor predominante envolvido no ciclo de transmissão.
Na semana passada, o Ministério da Saúde anunciou o fracionamento da vacina contra a febre amarela na Bahia, no Rio de Janeiro e em São Paulo. O objetivo é garantir que uma parcela maior da população seja imunizada nesses estados. A meta é proteger 19,7 milhões de pessoas, em 75 municípios desses estados. Assim, uma ampola padrão será usada para vacinar cinco pessoas. Nas outras unidades da Federação, como o DF, continua a aplicação da dose normal.
Pesquisadores da Organização Mundial da Saúde (OMS) ainda tentam determinar qual o período de validade da vacina fracionada para a febre amarela. A entidade assistiu de perto campanhas em dois países africanos a fim de estipular o prazo para que a população volte a ser vacinada. Por enquanto, usa-se como padrão a dose fracionada com período válido por um ano.