Com explosão de casos e nova variante, Índia se torna ameaça global
País registrou recorde global de casos novos pelo 5º dia consecutivo e sofre com falta de oxigênio para dar conta da demanda de pacientes
atualizado
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Nas últimas semanas, a Índia vem passando pelo pior momento desde o começo da pandemia de Covid-19. Pelo quinto dia consecutivo, o país bateu recorde de novos casos confirmados da infecção: foram 320 mil só na terça (27/4).
O número é assustador e os especialistas dizem que ainda pode estar subestimado. Os mortos chegam a 197,8 mil, segundo a plataforma da universidade Johns Hopkins.
Em contrapartida, Estados Unidos, Israel e Reino Unido já começam a flexibilizar as medidas de restrição, caminhando para o retorno à vida normal.
Apesar da dicotomia, a situação da Índia pode afetar outros países. Com uma variante mais transmissível e a população com maior diáspora do mundo, a nova versão do coronavírus pode ser exportada e colocar em risco a imunidade de populações já vacinadas.
Pesquisadores indianos se preocupam, inclusive, com o desenvolvimento de novas mutações no pais, uma vez que a população é de 1,3 bilhão em um espaço menor que a metade do Brasil.
“A alta população e a densidade da Índia é uma incubadora perfeita para este vírus experimentar mutações”, alerta Ravi Gupta, professor de microbiologia da Universidade de Cambridge, à BBC. Neste cenário, novas variantes que escapariam da vacina poderiam surgir e ser transportadas pelos viajantes a outros países.
Para evitar uma tragédia ainda maior, a solução sugerida pela comunidade internacional é agilizar o processo de vacinação no país. Até o momento, cerca de 9% dos indianos foram imunizados, apesar de a Índia produzir 60% dos imunizantes do mundo.
“Não está claro ainda se o país tem vacinas e capacidade suficiente para acelerar a campanha e expandir a cobertura para incluir os jovens”, diz Soutik Biswas, correspondente da BBC indiana.
A tragédia indiana só pode ser controlada com esforço internacional, explica o especialista na modelagem de doenças infecciosas, Gautan Menon. “Precisamos de mais cooperação em testes, vacinas e pesquisas para o bem do mundo. O problema de doenças infecciosas como a Covid-19 não é de uma única nação ou mesmo de um pequeno grupo de nações. É verdadeiramente global em suas implicações”, afirmou o professor.