Cocô de cachorro na rua pode ser vilão da saúde coletiva, diz estudo
Pisar é o menor dos problemas: fezes de cachorro podem infectar a água, especialmente após chuvas, e aumentar contaminação bacteriana
atualizado
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Se a boa educação não é o bastante para convencer a todos de retirar o cocô de cachorro da calçada, talvez a preservação da saúde coletiva seja um bom argumento.
Pesquisadores da Universidade de Sidney, na Austrália, apontaram que não retirar as fezes de cães das ruas pode prejudicar a saúde pública ao contaminar a água e espalhar bactérias que podem até ser resistentes a antibióticos.
Divulgada em uma publicação da própria universidade em abril, a pesquisa científica mostrou que as fezes de cachorro, ao serem deixadas na rua, são levadas pelas chuvas até os reservatórios públicos e contaminam a água.
Antes de ser tratada, a água de Sidney apresentou de 22% a 90% de amostras contaminadas por cocô de cachoro e de pássaros. Em média, partículas de fezes de cachorro foram encontradas em 37% das amostras de água da cidade australiana.
As fezes de cachorro podem conter microrganismos que causam doenças em humanos, como Salmonella, E. coli e Giardia. Um artigo de 2016 do Journal of Comparative Pathology já havia demonstrado que algumas destas bactérias presentes nas fezes de cachorro podem ser resistentes aos tratamentos antibacterianos mais comuns.
Isso ocorre especialmente pela intensidade dos remédios veterinários que os cachorros eventualmente usam ser diferente do administrado em humanos.
Chuva aumenta a contaminação
Em uma temporada de chuva especialmente intensa em 2019, os pesquisadores conseguiram observar que reservatórios públicos de água tiveram uma maior contaminação bacteriana do gênero Enterococcus. Os reservatórios mais atingidos foram perto de parques e praças de Sidney conhecidas pela quantidade de cachorros.
No entanto, a pesquisa aponta também que durante as inundações, o risco de contaminação da água é ainda maior pelas fezes humanas, que podem transbordar de esgotos e atingir a rede de águas pluviais.
Ainda assim, ficou evidente para os pesquisadores não só o aumento de partículas de fezes de cachorro na água depois de enxurradas, como também o aumento de bactérias quando ocorriam as tempestades.
“Tanto as fezes humanas como as de cachorros desempenham um papel moderado e estatisticamente significante na contagem de bactérias do gênero Enterococcus na rede pública de água”, diz o estudo.
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