Arrependimento após cirurgia de transição de gênero é raro, diz estudo
Pesquisadores da Universidade Johns Hopkins descobriram que menos de 1% das pessoas trans se arrependem da transição de gênero
atualizado
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O arrependimento após passar por uma cirurgia ou procedimentos de afirmação e transição de gênero é muito mais raro do que a crença popular acredita, segundo um novo estudo feito por pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos.
Menos de 1% dos indivíduos transgênero que recebem cuidados de afirmação de gênero relatam remorso por ter feito os procedimentos. A descoberta foi publicada quarta-feira (27/12) na revista científica Jama Surgery.
Políticos contrários à cirurgia de afirmação de gênero usam a possibilidade de arrependimento como uma justificativa para dificultar os direitos de pessoas transgênero. Eles afirmam que esses indivíduos se arrependeriam da decisão de se submeter aos procedimentos.
Os pesquisadores fizeram uma análise de estudos anteriores, comparando dados de pessoas que passaram por processos cirúrgicos de afirmação de gênero com os de indivíduos cisgêneros submetidos a procedimentos em geral.
Eles constataram que a taxa de arrependimento após a cirurgia de afirmação de gênero parece ser substancialmente menor do que o remorso depois de procedimentos semelhantes entre a população em geral (incluindo indivíduos cisgêneros).
“As diferenças podem estar ligadas às razões que cada grupo tem para se submeter à cirurgia (por exemplo, alinhamento de gênero versus tratamento do câncer)”, explicam os autores no trabalho científico.
A redução do arrependimento também pode estar relacionada à implementação de diretrizes e padrões de cuidados multidisciplinares baseados em evidências para as pessoas transgênero e com diversidade de gênero. Alguns exemplos são a exigência de um histórico bem documentado da sensação de incompatibilidade entre o sexo biológico e a identidade de gênero (disforia).
Os professores responsáveis pelo levantamento pedem que a comunidade médica rejeite a crença amplamente difundida (mas sem embasamento científico) sobre o arrependimento após o processo de afirmação de gênero.
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