Cirurgia da enxaqueca diminui dores de cabeça, diz estudo de Harvard
Pesquisa mostrou que o procedimento é eficaz para a redução dos sintomas de dores de cabeça e do uso de medicamentos
atualizado
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Um estudo da Harvard Medical School, publicado na revista científica Plastic and Reconstructive Surgery, concluiu que a cirurgia de enxaqueca está associada a uma redução significativa dos sintomas de dor de cabeça e do uso de remédios, principalmente entre pacientes que sofrem com dores crônicas e debilitantes.
Na pesquisa, foram comparados o uso de medicamentos no pré e pós-operatório de pacientes submetidos ao procedimento. O resultados mostram que mais de dois terços deles diminuíram o uso de remédios prescritos, sendo que, do total de participantes que passaram pelo procedimento, 23% não precisaram mais tomar medicamento algum.
Se antes da realização da cirurgia 96% dos indivíduos disseram tomar remédios para a dor de cabeça, após 12 meses da operação, 68% relataram diminuição do uso de medicamentos prescritos.
“Os pacientes relataram uma redução de 67% no número de dias em que tomaram a medicação; além disso, metade deles afirmaram que o remédio para enxaqueca, após a cirurgia, os ajudou mais em comparação com o período pré-operatório”, destaca o cirurgião plástico Paolo Rubez, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e da Sociedade de Cirurgia de Enxaqueca (EUA).
Comprovações
Em 2021, um estudo da edição de agosto do Journal of the American Society of Plastic Surgeons, maior revista científica de cirurgia plástica do mundo, afirmou que as crises de enxaqueca podem cessar por meio do procedimento cirúrgico.
O artigo, feito em conjunto com o Comitê de Segurança do Paciente, da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica, avaliou a cirurgia da enxaqueca como segura e eficaz.
“O procedimento é realizado hoje por diversos grupos de cirurgiões plásticos ao redor do mundo e em mais de uma dezena das principais universidades americanas, como Harvard. Os resultados positivos e semelhantes aos das publicações comprovam a eficácia e a reprodutibilidade do tratamento”, afirma Rubez.
Perspectivas futuras
A cirurgia para enxaqueca, disponível no Brasil, promete ser um divisor de águas para quem sofre com o problema, como mostra o estudo. Para aliviar os sintomas da enxaqueca, a técnica age na descompressão dos nervos periféricos na face, cabeça e pescoço.
“Os ramos desses nervos, responsáveis pela sensibilidade da face, pescoço e couro cabeludo, podem sofrer compressões das estruturas ao seu redor, como músculos, vasos e ossos. Isso gera a liberação de substâncias (neurotoxinas) que desencadeiam uma cascata de eventos responsáveis pela inflamação dos nervos e membranas ao redor do cérebro, que irão causar os sintomas de dor intensa, náuseas, vômitos e sensibilidade à luz e ao som”, explica o cirurgião.
As cirurgias para enxaqueca podem ser de sete tipos e são realizadas nas regiões frontal, rinogênica, temporal e occipital (nuca) da cabeça. Segundo Rubez, para cada um dos tipos de dor existe um acesso diferente para tratar os ramos dos nervos, e todos estão nas áreas superficiais da face, couro cabeludo ou na cavidade nasal.
O procedimento pode ser feito em qualquer paciente que tenha diagnóstico de enxaqueca e sofra com duas ou mais crises severas de dor por mês que não consigam ser controladas por medicações.
Além disso, aqueles que sofrem com efeitos colaterais dos remédios para dor, ou que tenham intolerância a eles, também estão aptos a realizar a cirurgia.
De acordo com Rubez, os procedimentos são realizados em ambiente hospitalar e geralmente sob anestesia geral. “A duração da cirurgia para cada nervo é de cerca de duas horas, e o paciente tem alta no mesmo dia”, finaliza.
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