Cinco boas notícias sobre o combate ao câncer de mama
Imunoterapia, estudos de natureza molecular e tratamentos cada vez mais personalizados são alguns dos últimos avanços da medicina
atualizado
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O câncer de mama é uma doença causada pela multiplicação desordenada de células. Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) apontam que esse tipo da doença representa 29% dos casos novos de câncer no Brasil a cada ano. Em 2018, foram mais de 59 mil novos diagnósticos da doença, sendo mais frequentes nas mulheres das regiões Sul e Sudeste. A incidência obriga médicos e cientistas a formularem novas estratégias para o tratamento da doença. O Metrópoles ouviu especialistas na área para mapear o que há de mais novo sobre o assunto.
Imunoterapia
A novidade mais recente foi a aprovação de imunoterapia em tratamentos contra câncer de mama triplo negativo, que é um subtipo de câncer de mama. “Nós sabemos que esse grupo de pacientes, quando diagnosticado com a doença mais avançada, tinha como base do tratamento exclusivamente a quimioterapia, com resultados muitas vezes pouco satisfatórios”, relata a oncologista Débora Gagliato, integrante do Comitê Científico do Instituto Vencer o Câncer e Oncologista, da Beneficência Portuguesa, de São Paulo.
A imunoterapia é um conjunto de remédios específicos que fortalecem o sistema de defesa do corpo para que eles sejam capazes de detectar melhor as células cancerígenas. Recentemente, a agência reguladora dos EUA, Food and Drug Administration (FDA em inglês), aprovou novas terapias contra o câncer de mama – anteriormente já era utilizado em câncer de pulmão metastático, melanoma, câncer de cabeça e rim. O tratamento foi reconhecido pela Sociedade Americana de Oncologia Clínica como um grande progresso. Segundo Débora, esses tratamentos são menos tóxicos quando comparados aos tratamentos convencionais.
Medicação abemaciclibe
No caso de pacientes com câncer de mama que expressam receptores hormonais, como estrogênio ou progesterona que “alimentam” o crescimento do tumor, há mais uma possibilidade de tratamento com o uso da medicação de abemaciclibe. Para evitar a proliferação das células tumorais, a droga pode ser combinada à hormonioterapia, quando o diagnóstico é precoce, ou pode até ser usada isoladamente em outras etapas da doença.
Medicina de precisão
O oncologista e hematologista Bernardo Garicochea, diretor do grupo de aconselhamento genético do Instituto Oncovida/Oncoclínicas, considera a medicina de precisão como um dos grandes trunfos dos tratamentos atuais. A premissa é dar ao paciente exatamente o que ele necessita. Por meio de testes genéticos que podem mapear com mais eficiência as reações do corpo. Antes, explica o especialista, só era possível identificar os tumores pelas características físicas, como tamanho e tipo de célula, enquanto hoje é possível estudar o DNA do tumor. “Quanto mais a gente conhece e compreende o câncer, maiores as chances de conseguirmos derrotá-lo”, argumenta.
Medidas para evitar a reincidência
Um estudo recente da Universidade de Cambridge foi capaz de identificar 11 subtipos de câncer de mama que retornaram mais de 20 anos depois. “Mostramos que a natureza molecular do câncer de mama de uma mulher determina como a doença poderá progredir, não apenas nos cinco primeiros anos”, afirma Oscar Rueda, autor da pesquisa em entrevista à revista Nature. O novo modelo é capaz de prever para onde o câncer se espalhará e o quão agressivo será.
Métodos menos invasivos
O oncologista Daniel Marques, do Sírio Libanês em Brasília, indica a biopsia líquida como outra novidade na prática clínica. “Através de uma coleta de sangue, vamos ser capazes de conseguir informações do tumor, seja dosando as células tumorais ou o DNA do tumor no sangue”, esclarece. Segundo o médico, o exame contribui para o diagnóstico precoce, bem como para avaliar os índices de recorrência. “Estamos conhecendo melhor os tumores do ponto de vista molecular e do microambiente tumoral, bem como os aspectos imunológicos que envolvem a disseminação do tumor. Assim sabemos a hora de descansar, de tratar, de ser mais agressivos na estratégia”, finaliza.