Cientistas tentam tornar humanos invisíveis ao mosquito da dengue
Pesquisadores usaram mutação para criar mosquitos Aedes aegypti que não conseguem enxergar roupas pretas
atualizado
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Pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, estão tentando criar mosquitos que não enxerguem seres humanos. Por enquanto, o que sabe é que o Aedes aegypti, o mosquito responsável pela dengue, zika, chikungunya, febre amarela e várias outras doenças, é guiado pelo gás carbônico expelido na respiração.
Uma vez que ele chega na fonte do gás, o mosquito também detecta algumas qualidades da pele humana, como o calor e a umidade. Caso não encontre um local para picar, o inseto procura a cor preta, que é bastante comum em roupas.
A informação sobre a atração exercida pelas roupas pretas nos mosquitos é conhecida desde 1937 e, agora, os pesquisadores resolveram usá-la como trunfo.
Os cientistas usaram uma ferramenta de edição de genes para infectar ovos de Aedes aegypti e criar mosquitos transgênicos sem dois genes usados para detectar o preto. O experimento funcionou, e os pernilongos, apesar de ainda serem capazes de enxergar, não diferenciam mais a cor preta.
O estudo foi publicado na revista científica Current Biology. O autor principal do estudo, Yinpeng Zhan, acredita que, ao descobrir exatamente como os mosquitos encontram os humanos, é possível controlá-los de uma maneira ecologicamente correta.
Se os mosquitos fêmea, que picam humanos, não conseguirem achar a presa, não se reproduzirão e ficará mais fácil controlar as populações, principalmente em áreas de infestação.
O próximo passo da pesquisa é expor humanos ao mosquitos transgênicos para entender exatamente como a falta do preto pode influenciar o Aedes aegypti a encontrar a pele e quais são as outras ferramentas usadas pelo inseto para encontrar a presa ideal.