Cientistas revivem cérebro de porco quase 1 hora após morte do animal
Pesquisadores chineses acreditam que o estudo pode um dia ajudar a ressuscitar pacientes após um ataque cardíaco
atualizado
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Cientistas chineses afirmam ter revivido os cérebros de porcos quase uma hora após os animais terem a circulação sanguínea interrompida. A conquista pode representar um passo importante para desvendar como restaurar a função cerebral após um paciente sofrer uma parada cardíaca súbita.
Realizada por cientistas da Universidade Sun Yat-Sen, na China, a pesquisa revelou que o fígado pode desempenhar um papel fundamental na reparação de danos cerebrais causados por ataques cardíacos. Embora esse cenário ainda esteja distante da realidade humana, o experimento ajudou a compreender as janelas de tempo onde a ressuscitação de pacientes pode ser viável.
A parada cardíaca súbita é uma emergência com risco de vida. A rápida cessação do fluxo sanguíneo causa uma série de problemas em diferentes partes do corpo devido à falta de oxigenação dos órgãos — condição conhecida como isquemia.
Quando ocorre no cérebro, a isquemia pode causar danos sérios e irreparáveis em um intervalo curto de tempo. “A parada cardíaca súbita continua sendo uma das principais causas de mortalidade, e a lesão cerebral é frequentemente seguida por morte pós-ressuscitação”, consideraram os cientistas no artigo científico publicado na revista EMBO Molecular Medicine, em setembro.
A equipe do médico Xiaoshun He estudou 17 porcos criados em laboratório para tentar entender o papel do fígado na recuperação do cérebro após a isquemia por parada cardíaca.
Reativação do cérebro com apoio do fígado
O fígado é o órgão usado pelo corpo para purificar o sangue. Por isso, os cientistas compararam a inclusão de um fígado em um sistema de suporte à vida em diferentes espaços de tempo após a interrupção da circulação sanguínea (10, 30, 50 e 60 minutos e 4 horas).
Dois grupos de porcos tiveram o fluxo de sangue para o cérebro interrompido por 30 minutos. Um dos grupos também foi submetido à isquemia hepática. Um terceiro grupo, de controle, não sofreu isquemia. Em seguida, os animais foram sacrificados para a análise dos cérebros deles.
Os animais que não tiveram o fluxo sanguíneo para o fígado interrompido apresentaram significativamente menos danos cerebrais do que o grupo submetido à isquemia. O grupo controle, como era de se esperar, foi o com menor dano cerebral.
Em seguida, os cientistas tentaram incorporar um fígado não danificado ao sistema de suporte de vida (com coração e pulmões artificiais) criado para tentar reviver cérebros que haviam sido removidos de porcos. Esse modelo é criado para ajudar a bombear fluidos pelo cérebro.
Os cérebros foram conectados ao sistema 10 minutos após o início do procedimento de suporte de vida. Para o sistema sem fígado, a atividade elétrica no cérebro surgiu dentro de meia hora antes de voltar a entrar em declínio.
Depois, foram testados diferentes períodos de intervalo para conectar os cérebros ao sistema de suporte com o fígado para observar as variadas respostas do organismo ao tempo do início do socorro.
O intervalo mais longo e mais promissor foi o de 50 minutos após ser privado de sangue. O cérebro foi capaz de reiniciar a atividade elétrica e foi mantido nesse estado por seis horas até que o experimento fosse interrompido. Quando o intervalo foi de 60 minutos, a atividade cerebral durou apenas três horas.
“O estudo atual destaca uma nova estratégia de ressuscitação cardiopulmonar-hepática-cerebral, que pode ajudar a reduzir a mortalidade de pacientes”, afirmam os autores do estudo.
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