Cientistas fazem coração de porco bater em pessoa com morte cerebral
Procedimentos e protocolos estão sendo testados para garantir avanços na área de transplante de órgãos
atualizado
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Pesquisadores do hospital NYU Langone Health, nos Estados Unidos, anunciaram, nesta terça (12/7), que conseguiram, com sucesso, realizar dois transplantes de coração de porco para humanos que faleceram, mas estavam sendo mantidos vivos por aparelhos. As cirurgias aconteceram em 16 de junho e 6 de julho, e são consideradas um passo importante para a pesquisa em transplantes.
Segundo os especialistas, o transplante para pessoas com morte cerebral é essencial para reunir informações e detalhes importantes para o sucesso do procedimento em pacientes vivos. Este ano, um homem em estado terminal recebeu um coração de porco, mas morreu semanas depois por insuficiência cardíaca.
“Esses são os primeiros passos para desenvolver um entendimento dos aspectos mecânicos, moleculares e imunológicos dos transplantes de ‘xenocoração’ (o prefixo xeno identifica os órgãos de porco) e a possibilidade de utilizar práticas clínicas padrão e ferramentas comuns para realizá-los”, diz o diretor médico de transplantes do hospital, Alex Reyntovich, em comunicado à imprensa.
O time utilizou os órgãos de animais que passaram por 10 alterações genéticas para não apresentar genes que estão ligados à rejeição em humanos e promover a expressão de proteínas essenciais para evitar incompatibilidades entre porcos e pessoas.
Os pacientes foram observados por três dias, e não houve sinal de rejeição. Os corações também funcionaram adequadamente sem necessidade do auxílio das máquinas. Foram adotados protocolos severos para monitorar qualquer transmissão de vírus ou patógenos comuns em porcos para os pacientes que receberam os transplantes.
“Nosso objetivo é integrar as práticas usadas em transplantes de coração comuns, mas com um órgão que não é humano e que vai funcionar corretamente sem a necessidade de outros remédios ou equipamentos ainda não testados”, afirma o diretor de transplantes Nader Moazami.
Em entrevista coletiva, os cientistas explicam que este tipo de pesquisa é diferente da que fez o transplante em um paciente vivo, e que os próximos passos do estudo são aumentar o tempo de análise para mais de três dias.
“Quando pensamos em um procedimento experimental em pessoas, o objetivo é manter o indivíduo vivo e confortável, e que possa se reabilitar depois do transplante. O trabalho que fazemos aqui é tem outro foco, é entender e estudar o que acontecesse com essa tecnologia novíssima, é uma análise mais aprofundada”, explica o diretor do instituto de transplantes da NYU Langone, Robert Montgomery. Segundo ele, é “um grande privilégio” testemunhar um coração de porco batendo em um paciente humano, ainda que com morte cerebral.
Este tipo de pesquisa pretende encontrar soluções para diminuir a fila de pessoas que precisam de transplante de órgãos. Para Montgomery, espera-se que, em um futuro próximo, nenhum paciente morra esperando por um órgão.
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