Cientistas dizem ter descoberto causa de coágulo sanguíneo pós-vacina
Pesquisadores afirmam que efeito colateral é causado pelo vetor de adenovírus usado pelas vacinas AstraZeneca e Johnson e pode ser corrigido
atualizado
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Cientistas da Universidade Goethe, na Alemanha, afirmam ter descoberto o motivo da rara formação de coágulos sanguíneos em algumas pessoas vacinadas contra Covid-19 com os imunizantes da AstraZeneca e da Johnson & Johnson. Os pesquisadores acreditam que os riscos de reação podem ser eliminados com alguns ajustes.
Segundo o estudo publicado nessa quarta-feira (26/5) em versão preliminar – ou seja, ainda sem a revisão de cientistas independentes –, o problema pode estar nos vetores de adenovírus que as duas vacinas usam para transportar a proteína Spike do novo coronavírus ao organismo.
Ao jornal Financial Times, Rolf Marschalek, professor da universidade alemã e autor do artigo, explicou que o mecanismo de entrega usado por essas vacinas envia as sequências do gene de DNA da proteína Spike para o núcleo da célula em vez de direcioná-las para o citosol, o fluído que preenche o interior da membrana celular, onde o vírus normalmente produz proteínas.
Quando entram no núcleo da célula, algumas partes do DNA da proteína Spike se unem ou se separam, criando versões mutantes incapazes de se ligar à membrana celular onde ocorre uma importante imunização. As proteínas mutantes são secretadas pelas células no organismo e desencadeiam os coágulos sanguíneos em uma resposta muito rara, cerca de uma para cada 100 mil pessoas.
Os pesquisadores lembram que a reação foi notificada por 309 das 33 milhões de pessoas que receberam a vacina da AstraZeneca no Reino Unido (56 delas morreram), e em 142 europeus, de um total de 16 milhões de vacinados. Nos Estados Unidos, oito dos 7,4 milhões imunizados contra Covid-19 com uma dose da J&J relataram o problema.
A solução, segundo Marschalek, seria modificar a sequência do gene que codifica a proteína do pico para evitar que ela se divida.
“Com os dados que temos em nossas mãos, podemos dizer às empresas como fazer a mutação dessas sequências, codificando a proteína Spike de uma forma que evite reações de emenda indesejadas”, disse ao FT.
Os dados do estudo foram apresentados ao Instituto Paul-Ehrlich do governo alemão e ao órgão consultivo do país sobre vacinação e imunização.
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