Cientistas descobrem proteínas que ajudam na queima de gordura
Pesquisadores estão tentando sintetizá-las para transformá-las em medicamento e ajudar no tratamento de obesidade e diabetes
atualizado
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Um estudo realizado pelo Joslin Diabetes Center em Boston, nos Estados Unidos, está tentando desenvolver um medicamento que pode ajudar no tratamento de obesidade, diabetes e doenças metabólicas. Após meses de pesquisa, os cientistas descobriram que alguns tipos de proteína FGF podem inibir o corpo humano de acumular gordura. Agora, a equipe norte-americana está tentando sintetizá-la e eventualmente transformá-la em remédio.
Os pesquisadores revelaram que essas substâncias aparecem no corpo humano quando somos expostos a frio ou a exercícios físicos específicos. Elas ajudam a gordura boa a gastar energia e, consequentemente, a queimar o tecido adiposo ruim.
As pessoas tem dois tipos de gordura, a branca e a marrom. A primeira é aquela nossa velha conhecida: a responsável pelo sobrepeso e armazenamento de energia. A segunda, quando ativada, ajuda na manutenção da temperatura corporal. Mas, durante muito tempo, acreditou-se que apenas bebês tinham ela em sua composição.
Desde 2009, pesquisadores estudam como provocar essa gordura marrom para que ela seja usada no tratamento de obesidade, diabetes e algumas síndromes metabólicas.
Agora, a cientista Yu-Hua Tseng descobriu uma maneira de transformar essa energia em calor e assim queimar calorias. Uma pesquisa usando ratos mostrou que se a gente ativar as células antes delas se transformarem em tecido adiposo marrom ou branco, o corpo não acumula gordura.
Os pesquisadores começaram com uma proteína conhecida por ativar a gordura marrom: a UCP1 que fica localizada na mitocôndria, organela responsável pela respiração celular.
A equipe observou 5 mil proteínas em mamíferos para descobrir qual ajudava na produção de UCP1. Eles identificaram a FGF6 e a FGF9. Os pesquisadores aumentaram o nível dessas duas proteínas na células imaturas dos ratos para melhorar a quantidade de UCP1 nos animais.
Os cientistas esperavam que essas células iam acumular gorduras ou lipídios e assim se transformar em células maduras de gordura marrom. Mas isso não aconteceu.
“Para tentar descobrir o motivo desse resultado inesperado, nós estudamos passo a passo todos os eventos moleculares que acontecem até a produção de UCP1 nas células de gordura. Chegamos a conclusão que o caminho de produção era totalmente diferente do que as pessoas na nossa área de atuação acreditavam”, explica Fanaz Shamsi, uma das pesquisadoras atuando no estudo, a EurekAlert.
Na próxima fase, os cientistas queriam mapear como os animais aumentavam naturalmente a quantidade dessas duas proteínas no organismo. De acordo com o estudo, os ratos produzem FGF9 quando expostos ao frio e FGF6 é estimulada por exercício.
Quando eles repetiram o processo no corpo humano, descobriram que nós funcionamos quase da mesma forma. Nos resultados com humanos, entretanto, as proteínas que ativam a produção de UCP1 nas células de gordura branca e marrom são as FGF9 e FGFR3 (receptor ativado tanto por FGF9 quanto por FGF6).
Além disso, a quantidade de FGFR3 nas células de gordura branca no corpo humano estava relacionada com o volume de massa corpórea e resistência a insulina (condição que pode levar a tipo 2 de diabetes).
“Isso significa que se a gente consegue ativar a criação dessas proteínas, nós podemos beneficiar pessoas com obesidade e doenças relacionadas ao metabolismo”, explica Tseng. Por isso, a equipe de pesquisadores está tentando sintetizar a proteína FGF para otimizar o tratamento dessas doenças. Depois, espera-se que ela possa ser comercializada como medicamento.