Cientistas descobrem fatores genéticos relacionados à Covid-19 grave
Descoberta publicada na revista Nature pode ajudar a explicar casos graves e óbitos entre pessoas jovens e sem comorbidades
atualizado
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Uma análise de dados de 46 estudos de 19 países publicado nesta quinta-feira (8/7) na revista Nature aponta os fatores genéticos que aumentam o risco para desenvolver casos graves de Covid-19. Os cientistas descobriram 13 regiões do genoma humano que influenciam o risco.
Foram incluídos dados de 49 mil pessoas infectadas pelo coronavírus. Os resultados foram comparados com os de 2 milhões de indivíduos saudáveis.
Ainda não foram identificados os genes específicos que contribuem para o agravamento da Covid-19, mas as mutações em áreas dos cromossomos 3, 6, 8, 9, 12, 17, 19 e 21 se mostraram associadas ao desenvolvimento mais grave ou à sensibilidade do paciente ao vírus.
A do gene SLC6A20, no cromossomo 3, por exemplo, está associada à proteína ACE2, usada pelo coronavírus para invadir as células. Pessoas com mutações no local podem ser mais suscetíveis à contaminação, por exemplo.
Algumas das mutações encontradas são exclusivas para o coronavírus, mas outras estão associadas também ao câncer, problemas no pulmão, e ao funcionamento do sistema imunológico.
A pesquisa foi feita pela Iniciativa para o Estudo da Genética do Hospedeiro (Covid-19-HGI). “A maior importância da pesquisa é mostrar que existe um mecanismo genético e que ele fará diferença no curso da doença”, afirma Mark Daly, do Instituto Broad, em Boston. Ele é um dos coordenadores da rede de cientistas.
Os responsáveis pelo levantamento apontam que, no futuro, pode ser possível realizar testes genéticos na população para detectar o risco aumentado à Covid-19, ou definir uma estratégia de tratamento mais eficiente. As informações também podem ajudar as indústrias farmacêuticas a melhorar os medicamentos usados contra a infecção.
A maior limitação do estudo é que 80% dos participantes têm ascendência europeia, o que pode influenciar os resultados. Entre os participantes latinos, uma das mutações encontradas é a do gene FOXP4, no cromossomo 6, que já foi ligada a casos de câncer de pulmão e parece estar relacionada também às formas graves da Covid-19.
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