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Cientistas descobrem composto com potencial para tratar a malária

Um consórcio internacional de pesquisadores conseguiu desenvolver uma molécula que evita o desenvolvimento do protozoário causador da doença

atualizado

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Uma pesquisa feita por cientistas do Structural Genomics Consortium (SGC), um consórcio internacional de universidades, governos e indústrias farmacêuticas, descobriu uma forma de interromper o ciclo de vida de três parasitas causadores da malária – dois deles em circulação no Brasil. A descoberta dá margem para o desenvolvimento de novos medicamentos contra a enfermidade, o que pode representar um passo importante em direção à erradicação da doença. Atualmente, os parasitas já são resistentes à maioria dos remédios comercializados. O estudo foi publicado na revista especializada Science.

Os cientistas descobriram que uma molécula, denominada TCMDC-135051, foi capaz de inibir uma proteína indispensável para o ciclo de vida dos parasitas, chamada quinase PfCLK3, sem afetar as proteínas humanas. Os pesquisadores focaram os estudos no parasita Plasmodium falciparum, um dos tipos mais agressivos. De acordo com o trabalho, a inibição da proteína afeta o protozoário em diferentes estágios de desenvolvimento. Há duas fases principais: a assexuada, quando a proliferação do parasita ocorre dentro da célula humana e provoca os sintomas da doença; e a sexuada, quando o parasita pode ser transmitido de volta para o inseto vetor. É na fase sexuada que o ciclo se completa, o que permite a transmissão da doença para outros seres humanos.

A PfCLK3 controla a atividade e a produção de proteínas importantes para a manutenção da vida do parasita, segundo a pesquisa. Ao bloquear sua atividade, a molécula mata o protozoário, prevenindo a transmissão e permitindo que a doença seja tratada em humanos. Nos testes realizados in vitro, ou seja, com cultura de células, o parasita morreu dentro da célula após ter a ação da enzima interrompida. Em animais, houve a eliminação do parasita na corrente sanguínea dos camundongos após cinco dias de infecção.

O fato de o composto eliminar o parasita sem interferir em outras proteínas do corpo humano poderia indicar, de acordo com os cientistas, que um medicamento feito com base no estudo teria poucos efeitos colaterais.

Anualmente, segundo o Ministério da Saúde, a malária causa cerca de 580 mil mortes no mundo, infectando outras 200 milhões de pessoas. A malária é uma doença infecciosa febril aguda causada por protozoários do gênero Plasmodium. Os parasitas são transmitidos pela fêmea do mosquito Anopheles, também chamado mosquito-prego. Esses mosquitos são mais abundantes nos horários crepusculares, ao entardecer e ao amanhecer. Todavia, também são encontrados picando durante todo o período noturno, porém em menor quantidade.

Além da picada do mosquito, a doença pode ser transmitida por meio do contato direto com o sangue de uma pessoa infectada. Uma vez no corpo humano, os parasitas vão direto para o fígado, onde se multiplicam intensamente. Em seguida, vão para a corrente sanguínea, invadem os glóbulos vermelhos e os destroem (enquanto continuam a se multiplicar). A partir daí, começam os sintomas: febre, calafrios, tremores, suores intensos, dor de cabeça e dores no corpo. A febre corresponde ao momento em que as hemácias estão se rompendo. Vômitos, diarreia, dor abdominal, falta de apetite, tonteira e sensação de cansaço também são comuns.

No Brasil, a maioria dos casos de malária se concentra na região amazônica, nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. Nas demais regiões, apesar das poucas notificações, a doença não pode ser negligenciada, pois se observa uma letalidade mais elevada que na região amazônica.

A pesquisa foi conduzida pela Universidade de Glasgow, na Escócia, mas entre os pesquisadores havia brasileiros da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

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