Cientistas dão primeiros passos para curar cegueira congênita
Usando um vírus para criar proteínas que reconhecem a luz, pesquisadores conseguiram fazer paciente começar a enxergar
atualizado
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Um time de pesquisadores dos Estados Unidos e da França deram os primeiros passos para curar a cegueira de pessoas que não enxergam desde o nascimento. Tentando encontrar há uma década uma maneira de desenvolver a visão a pacientes que não chegaram a experimentá-la, os cientistas usaram uma proteína encontrada em algas e alguns micróbios que torna qualquer nervo sensível à luz.
Para enxergar, a luz entra no olho e é capturada pelas células fotorreceptoras. Estas células mandam um sinal para as células ganglionares, que identificam movimentos e alertam o cérebro por meio do nervo óptico. Grande parte dos pacientes com cegueira possuem problemas nas células fotorreceptoras.
Usando um vírus para introduzir as proteínas no corpo dos pacientes – em um mecanismo semelhante ao das vacinas -, os pesquisadores das universidades de Pittsburgh e Sorbonne conseguiram ensinar as células ganglionares a reconhecer a luz. A técnica é chamada de optogenética e vinha sendo usada apenas em estudos sobre o funcionamento do cérebro.
O método foi testado com sucesso em macacos e chegou a ser aplicado em alguns voluntários humanos. No entanto, é necessários esperar meses para que as células aprendam a nova função e as pessoas precisam ser treinadas para o uso de óculos especiais. A pandemia permitiu que apenas um dos voluntários da pesquisa inicial participasse do treinamento necessário.
Meses depois de ter sido submetido à técnica, o participante de 58 anos entrou em contato com os pesquisadores para contar que conseguiu enxergar uma faixa de pedestres. Quando a pandemia diminuiu na França, ele foi chamado ao laboratório, onde foram feitos exames que comprovaram a atividade cerebral ligada à visão.
O homem, que nunca havia enxergado na vida, agora consegue identificar um caderno em cima de uma mesa, mas ainda não vê uma caixa de grampos, por exemplo. Os resultados são positivos, mas ainda bastante iniciais. Os cientistas esperam retomar a pesquisa, treinar os outros pacientes, e adaptar os óculos para uma versão mais fácil de usar.