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Cientistas da UFPR fazem vaquinha para desenvolver vacina anti-Covid

Pesquisadores recorrem ao financiamento coletivo para arrecadar R$ 76,1 milhões necessários para criar um imunizante 100% nacional

atualizado

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Marcos Solivan/UFPR
Vacina UFPR
1 de 1 Vacina UFPR - Foto: Marcos Solivan/UFPR

Pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) que estão desenvolvendo uma vacina contra a Covid-19 recorreram ao financiamento coletivo, por meio de uma vaquinha online, para conseguir avançar nos testes da fase pré-clínica do projeto.

A pesquisa foi selecionada para receber recursos de um edital de abril de 2020 do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), que financiava estudos de combate à Covid-19. O valor disponível era de aproximadamente R$ 230 mil, que não foi suficiente para cobrir os gastos a médio e longo prazo para o desenvolvimento da vacina.

A princípio, a equipe contou com profissionais e materiais disponíveis na universidade para dar início ao projeto. No entanto, no final do ano, os recursos já tinham acabado. Os pesquisadores se inscreveram, então, em um edital do governo do Paraná e ganharam mais um R$ 1,1 milhão para a pesquisa. Em paralelo, buscaram o financiamento coletivo, que rendeu aproximadamente R$ 100 mil até aqui. A meta de arrecadação para que o estudo chegue à fase 3 – na qual, o medicamento é testado em humanos – é de R$ 76,1 milhões.

“Se nós tivéssemos contado no ano passado com os recursos que temos agora, a pesquisa teria andado muito mais rápido, porque poderíamos ter pessoas 100% dedicadas ao trabalho. Esse é um problema que todos os pesquisadores brasileiros estão enfrentando”, afirma Emanuel Maltempi de Souza, professor do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da UFPR e um dos líderes do projeto.

A equipe acredita que será possível finalizar os testes pré-clínicos – que incluem ensaios em laboratório e em animais – com os recursos disponíveis até o final do ano, mas agora se antecipa para buscar financiamento para a etapas seguinte. “É um projeto que demanda muito trabalho especializado para preparar proteínas, as nanopartículas, aplicar a dose nos animais, depois acompanhar por uns dois meses. Não tínhamos pessoas para fazer tudo isso”, relata o pesquisador.

Vacina totalmente nacional

O imunizante que está sendo desenvolvido no Paraná possui uma tecnologia diferente das utilizadas pelas vacinas contra Covid-19 distribuídas atualmente no Brasil. Os cientistas da universidade usam a proteína Spike do vírus associada com nanopartículas de bioplástico criadas em laboratório. Segundo Souza, os resultados preliminares mostraram eficácia significativa na resposta imunológica de camundongos que receberam a fórmula.

“Nosso alvo é a proteína S, como nas outras vacinas. O que fazemos diferente é dar ao sistema imune esse antígeno, cobrindo com a proteína viral as nanopartículas para estimular a reação imunológica. Elas imitam o vírus sem provocar a infecção”, explica o cientista. Segundo ele, essa tecnologia das nanopartículas pode ser produzida no Brasil, tornando a vacina totalmente nacional.

Saiba como as vacinas contra Covid-19 atuam:

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Outro lado

Procurado pelo Metrópoles, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações não respondeu à solicitação da reportagem por um posicionamento sobre as dificuldades de financiamento enfrentadas pelos pesquisadores. O espaço continua aberto.

 

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