Cientistas criam órgão transplantável para qualquer tipo sanguíneo
Atualmente, transplantes só podem ser feitos entre pacientes com o mesmo tipo sanguíneo. Técnica permitiria troca entre qualquer paciente
atualizado
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Um time de cientistas canadenses liderado pelo brasileiro Marcelo Cypel conseguiu criar o primeiro órgão universal, que poderia ser transplantado para qualquer pessoa, independente do tipo sanguíneo do receptor. A pesquisa foi publicada na revista científica Science Translational Medicine.
A descoberta abre portas para facilitar o processo de transplante — hoje, um órgão só pode ser transferido se doador e receptor tiverem o mesmo tipo sanguíneo. Pessoas com tipo O, por exemplo, têm 20% mais chance de morrer enquanto esperam na fila de transplantes, já que o tipo sanguíneo é mais raro. Receber um órgão de uma pessoa com sangue A, por exemplo, causa uma rejeição imediata e, muitas vezes, fatal.
Os cientistas conseguiram “lavar” um pulmão tipo A com enzimas encontradas no intestino para cortar os açúcares dos antígenos A e B e células do sangue, tornando todos tipo O, que é aceito por todos os pacientes.
O órgão foi exposto ao sangue tipo O com altas concentrações de células imunológicas que têm os antígenos A como alvo. Os pesquisadores observaram que o pulmão foi bem tolerado, sem sinais de rejeição.
Cientistas descobrem como transformar sangue A em doador universal
O próximo passo da pesquisa é testar em humanos — a expectativa é que o estudo comece em até 18 meses.
Em entrevista ao jornal Daily Mail, Cypel explica que eliminar a barreira do tipo sanguíneo permitirá que pacientes com condições médicas mais urgentes sejam priorizados na lista de transplante. “Salvaremos mais vidas e perderemos menos órgãos”, garante.