Cientistas brasileiros vão testar canabidiol para tratar Covid longa
Pesquisadores esperam resultados positivos do uso da substância no tratamento pós-Covid. Testes já estão na terceira fase
atualizado
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Caracterizada pela persistência dos sintomas por mais de 60 dias, a Covid longa, como chamam os especialistas, poderá ser tratada com canabidiol – um dos princípios ativos da Cannabis sativa. Com a possibilidade de durarem meses após a infecção, os efeitos provocados no organismo pela doença incluem fadiga, dores de cabeça, fraqueza muscular e insônia.
O canabidiol já é utilizado no tratamento de algumas doenças; por isso, cientistas brasileiros decidiram testá-lo contra o coronavírus. As pesquisas para reabilitação de pacientes pós-Covid estão na terceira fase. Os pesquisadores irão recrutar mil voluntários para o estudo, que deve começar no mês que vem.
O cardiologista responsável pela pesquisa, Edimar Bocchi, disse, em entrevista ao Estadão, que os estudos serão realizados em parceria com a empresa canadense Verdemed, produtora do canabidiol medicinal. O médico, que atua no Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, afirmou que a substância terá um papel importante no tratamento da doença que prejudica a saúde e o bem-estar do paciente por vários meses. “Estudos internacionais já demonstraram o efeito anti-inflamatório do canabidiol, que pode ajudar a controlar essa tempestade de citocinas. A síndrome pós-Covid leva a um comprometimento importante da qualidade de vida. São sintomas que podem persistir por mais de três meses”, afirmou.
“Na prática clínica, já conhecemos bem esse efeito anti-inflamatório do canabidiol. Ele consegue inibir algumas das mesmas vias inflamatórias em que a Covid-19 acaba atuando. Mas não é só no contexto físico, mas também mental. O estresse pós-traumático nesses casos é comum, com taquicardia, ansiedade, memórias recorrentes do que ocorreu no hospital. O canabidiol ajuda essas pessoas a terem uma vida mais saudável, ajuda o corpo a funcionar de forma adequada”, explica a primeira médica no Brasil a receitar a substância no tratamento de doenças, Paula Dall’Stella.
A empresa canadense se adiantou e protocolou registro de patente do medicamento na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para comercialização no Brasil.
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