Chip da beleza e outros: por que o CFM proibiu o uso de esteroides
Entenda medida do Conselho Federal de Medicina que proibiu a recomendação de esteroides com fins estéticos
atualizado
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Em decisão publicada na terça-feira (11/4), o Conselho Federal de Medicina (CFM) proibiu a prescrição de esteroides anabolizantes para fins estéticos. A medida foi direcionada a coibir o uso de substâncias desse tipo para o ganho de massa magra, também conhecida como massa muscular. As restrições não atingem o tratamento de doenças, disfunções hormonais ou processos de transição de gênero.
Os esteroides anabolizantes são medicamentos administradas por via oral ou injetável, que se assemelham à testosterona ou outros hormônios masculinos. Em clínicas, academias e no comércio on-line, eles são chamados de hormônios, esteroides ou anabolizantes.
A medida foi adotada para conter a popularização dessas drogas entre atletas e adeptos de musculação. Como a medida também proíbe a propaganda do uso estético dessas substâncias, os profissionais que as divulgarem em suas redes sociais também poderão ser punidos.
Consequências do excesso
O uso de esteroides anabolizantes pode levar a quadros de hipertensão, arritmia cardíaca e aumento do risco de infarto. Além disso, também há estudos que relacionam os medicamentos ao surgimento de doenças hepáticas e transtornos de agressividade.
“O uso deste tipo de hormônio facilita o surgimento de diabetes, aumenta o risco ou leva ao agravamento das doenças cardiovasculares. Também provoca alterações endócrinas, aumento do risco de cânceres, alterações da voz e na quantidade de pelos nas mulheres e crescimento do tamanho das mamas em homens”, aponta a geriatra Elisa Franco de Assis Costa. Ela participa de estudos do CFM para restrição uso dos hormônios como terapia antienvelhecimento desde 2012.
Para jovens com menos de 18 anos, a médica afirma que as consequências podem ser até mais graves. “Além de todas as consequências em um adulto, o uso por menores pode ter impacto no desenvolvimento físico, mental e até sexual”, afirma a médica.
Chip da beleza
O prescrição de “chips da beleza” está entre as proibições do CFM por suas consequências maléficas para o organismo. Os “chips da beleza” são injeções de gestrinona, um derivado da testosterona, que prometem ganhos de massa magra para as mulheres. A promessa, porém, é vazia, segundo Annelise Meneguesso, conselheira federal do CFM.
“A gente tem visto um grande aumento deste uso, mas ele produz aumento das propriedades androgênicas nas mulheres. Quer dizer, elas apresentam consequências iguais às enfrentadas pelos demais anabolizantes hormonais”, afirma Annelise, que redigiu a resolução contra os esteroides.
“O implante de gestrinona, o “chip da beleza”, não é uma opção terapêutica reconhecida e é condenada pelas maiores federações e associações médicas do mundo. Não há nenhum respaldo para o uso dessas substâncias com estes fins estéticos”, diz ela.
Veja a publicação no Diário Oficial da União desta terça-feira (11/4):
CFM Proíbe Esteroides e Ana… by Leonardo Meireles
Substâncias na lupa
Além da gestrinona, outras substâncias se encaixam nas restrições do CFM. Não se trata da proibição geral da substância, mas apenas de sua circulação entre pessoas que não precisam de seu uso para a saúde. “Para quem já seguia as recomendações da medicina e da ciência, nada muda no cotidiano de trabalho”, afirma Paulo Augusto Miranda, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
O que Miranda alerta, porém, é que entre as substâncias mais encontradas nos fóruns de hipertrofia, estão tanto hormônios reconhecidos pela Anvisa como outros que não têm aprovação para uso no Brasil. “Mesmo as que têm venda permitida, só podem circular com um receituário médico e com uma justificativa de seu uso, e a sua venda fora de farmácias é criminosa”, esclarece o presidente da SBEM.
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