ELA: paciente usa computador com pensamento após colocar chip cerebral
Americano com ELA é a décima pessoa a receber chip cerebral da Synchron, empresa concorrente da Neuralink, de Elon Musk
atualizado
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Um implante cerebral possibilitou que um americano de 67 anos diagnosticado com esclerose lateral amiotrófica (ELA) voltasse a usar o computador e ter mais autonomia em sua vida.
O florista Mark é a décima pessoa do mundo a receber o chip cerebral da empresa Synchron em um ensaio clínico que estuda a interface cérebro-computador (BCI, na sigla em inglês). O aparelho, chamado de BIC, foi colocado em seu cérebro há seis meses, em agosto de 2023.
A Synchron é a primeira empresa a receber a aprovação da Food and Drug Administration (FDA) dos EUA para iniciar testes em humanos. O Stentrode é um stent do tamanho de um clips de papel com sensores de eletrodo que podem detectar atividade elétrica cerebral. Assim, ele lê as ondas cerebrais e as traduz em ações em um computador.
O médico brasileiro Raul Nogueira, diretor do UPMC Stroke Institute, na Universidade de Pittsburgh (EUA), foi o responsável por implantar o stent no cérebro de Mark. “Minha esperança é que nos próximos 5 a 10 anos veremos o chip no cenário do paciente”, afirma.
Atualmente, o paciente consegue enviar notas relacionadas à saúde e jogar ping-pong no computador. Os pesquisadores acreditam que, em breve, quando o BCI puder ser operado com maior capacidade, o voluntário será capaz de realizar tarefas mais complexas, como enviar mensagens de texto e acessar as plataformas de streaming para assistir a seus programas favoritos.
Mark foi diagnosticado com ELA em 2020. Desde então, ele perdeu lentamente as habilidades físicas e a força e acabou se mudando para morar com o irmão. “Foi difícil de aceitar. Eu ainda me considero jovem. Morei sozinho por 13 anos, estava acostumado a fazer tudo sozinho”, conta em entrevista à CNN.
A ELA é uma doença neurológica que afeta o sistema nervoso de forma degenerativa e progressiva, com a deterioração das células nervosas. A condição leva à paralisia motora gradual e irreversível e à morte precoce dos pacientes como resultado da perda de capacidades de fala, movimentação, deglutição e respiração.
Chip cerebral
O implante da Synchron é colocado em um procedimento minimamente invasivo com uma pequena incisão no pescoço semelhante à inserção de stents no coração. Mas nesse caso, o aparelho é direcionado para o córtex motor do cérebro, de onde manda sinais de movimento para o corpo.
Um transmissor semelhante a um marca-passo é colocado cirurgicamente na cavidade torácica e recebe sinais do BCI quando reconhece ondas cerebrais que indiquem a intenção de realizar um movimento, como clicar em algum lugar na tela de um computador.
Ele compete com o chip cerebral da Neuralink, de Elon Musk. A empresa do magnata recebeu a aprovação da FDA para iniciar os testes em humanos em maio de 2023 e realizou o primeiro procedimento em janeiro.
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