Cheiro de óleo de rosas pode aliviar sintoma da depressão, diz estudo
Pesquisa indica que odores familiares são a forma mais eficiente de ativar boas lembranças em pessoas com depressão
atualizado
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Sabe aquele cheiro de bolo assando ou de um café recém-passado? Os odores tradicionais e familiares remetem a boas lembranças da vida e podem ajudar a aliviar sintomas da depressão, segundo um estudo publicado nessa terça-feira (13/2) na revista científica JAMA Network.
Chefiada por psiquiatras da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, a pesquisa comparou os efeitos de estimular boas lembranças com palavras e cheiros. A principal descoberta foi que as fragrâncias são mais eficientes para evocar memórias.
Foram usados 24 cheiros e todos se mostraram mais eficientes ao estimular memórias do que as palavras: foi observada uma média de 68% de eficácia dos odores frente a 52% dos vocábulos. Em 71% dos casos, as fragrâncias estiveram relacionadas a memórias positivas — entre as palavras, a porcentagem foi de 63%.
A dificuldade de processar lembranças em pessoas com depressão severa é um sintoma conhecido da doença, já que a queda de receptores cerebrais motivada pela condição atrapalha o acesso às memórias, especialmente as de natureza positiva.
Os pesquisadores esperam que as descobertas recentes possam usar o olfato para reequilibrar essas recordações. “As memórias evocadas pelo odor podem ser únicas em relação a outros estímulos, como auditivos e visuais, e conter emotividade”, afirmam os cientistas.
Como foi feita a pesquisa?
Os cientistas não estavam tentando estimular um grupo de memórias, como o cheiro de rosas que a avó usava como perfume todos os dias, e sim a lembrança de um dia específico em que o odor foi utilizado. O objetivo era estimular recordações que estavam sendo apagadas por conta da depressão.
“Se melhorarmos a memória, poderemos impactar a resolução de problemas, a regulação emocional e outros problemas funcionais que indivíduos deprimidos frequentemente experimentam”, explica a neurocientista Kimberly Young, líder do estudo, em comunicado à imprensa.
Os pesquisadores não souberam explicar por que as memórias evocadas pelo olfato são mais intensas. Eles batizaram o efeito de fenômeno Proust: a homenagem ao autor francês foi escolhida por conta do livro Em busca do tempo perdido, em que ele começa a se lembrar da história a partir do cheiro de madeleines molhadas no café.
Os cheiros utilizados na pesquisa
- Alho;
- Óleo essencial de laranja;
- Óleo essencial de lavanda;
- Óleo essencial de rosas;
- Ketchup;
- Café;
- Canela;
- Queijo ralado;
- Vinagre de maçã;
- Menta;
- Uísque;
- Óleo de coco;
- Mostarda;
- Orégano;
- Curry;
- Vinho tinto;
- Extrato de baunilha;
- Tabaco;
- Sabonete neutro;
- Xarope infantil para tosse;
- Desinfetante;
- Tinta nanquim;
- Graxa de sapato;
- Descongestionante nasal.
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