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Cérebros de humanos e cães entram em sincronia com troca de olhares

Estudo observou que o contato visual e o carinho aumentam a sincronização das regiões frontal e parietal dos cérebros de humanos e cães

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Alegre jovem afro-americano abraçando seu cachorro Rhodesian Ridgeback no dia de outono no parque.
1 de 1 Alegre jovem afro-americano abraçando seu cachorro Rhodesian Ridgeback no dia de outono no parque. - Foto: Getty Images

Pesquisadores chineses descobriram que pode ser estabelecida uma sincronização da atividade cerebral entre humanos e cães. O estudo, publicado em 11 de setembro na revista Advanced Science, sugere que formamos conexões neurológicas profundas com nossos pets.

Ao analisarem exames de eletroencefalografia (EEG) de humanos e cães, os cientistas observaram que o contato visual e o carinho aumentam a sincronização das regiões frontal e parietal dos cérebros de ambos.

“Observamos que a correlação entre os cérebros nas regiões frontal e parietal aumentou significativamente durante o contato visual”, explicam os autores do estudo em comunicado.

Pesquisas anteriores já haviam mostrado que as ondas cerebrais humanas podem se sincronizar durante uma conversa. No entanto, esta é a primeira vez que o fenômeno foi registrado entre humanos e outra espécie.

Atividade cerebral entre humanos e cães

Os pesquisadores mediram a atividade cerebral tanto em humanos quanto em cães usando eletrodos colocados no crânio. No experimento, 10 cães da raça beagle foram designados a humanos desconhecidos e as duplas conviveram ao longo de cinco dias.

Durante o experimento, primeiramente a dupla humano-cão foi colocada na mesma sala sem qualquer interação. Depois os pares humano-cão se encontraram novamente em uma sala e se comunicaram de maneira não verbal, por meio de carinhos e, em um terceiro encontro, a interação foi por olhares. Todas as interações foram registradas pelo aparelho de eletroencefalografia.

Quando os humanos acariciavam os cães, a região parietal mostrou mais atividade. No cérebro humano, as áreas frontal e parietal estão associadas à atenção conjunta, quando duas ou mais pessoas prestam atenção no mesmo objeto ou evento ao mesmo tempo.

Estudos anteriores já haviam mostrado que acariciar cães aumenta a atividade no lobo frontal, sugerindo maior envolvimento emocional e atenção, mas até agora não se sabia se isso também ocorria no cérebro dos cães.

Na pesquisa, foi observado que, quando os humanos acariciavam os cães e olhavam nos olhos deles, a sincronização cerebral entre ambos se tornava ainda mais intensa, resultando em uma conexão cerebral aumentada.

Para entender se a sincronização neural era iniciada pelos humanos ou pelos cães, os cientistas usaram um algoritmo matemático e descobriram que o cérebro humano liderava a sincronia neural. Além disso, com o tempo, a conexão cerebral entre os pares humano-cão aumentava, sugerindo que eles estavam formando um vínculo mais forte.

De perto, uma jovem e um cachorrinho estão se divertindo abraçados
Pesquisadores encontraram evidências de que pode se formar uma conexão neurológica entre humanos e cães

Investigando o autismo

Alguns cientistas acreditam que déficits na cognição social, observados em pessoas com transtorno do espectro autista (TEA), podem estar relacionados a uma menor sincronização cerebral com outros indivíduos.

Para testar essa ideia, os pesquisadores repetiram o experimento com nove cães que apresentavam características semelhantes ao TEA humano. Nesses casos, a sincronização entre os cérebros dos humanos e dos cães foi menor, indicando uma atenção conjunta reduzida.

Estudos anteriores mostraram que o ácido lisérgico psicodélico dietilamida (LSD) pode melhorar o comportamento social de camundongos. Com isso em mente, os pesquisadores administraram uma dose única da droga aos cães com características de TEA. Os resultados indicaram uma melhora na sincronização cerebral entre os cães e os humanos.

Embora o estudo tenha sido pequeno e exija mais pesquisas, os cientistas acreditam que esses cães podem ser um modelo útil para entender os mecanismos neurais por trás dos déficits sociais associados ao TEA.

“Essas descobertas sugerem potenciais biomarcadores de sincronização cerebral para o diagnóstico de TEA e abrem caminho para o desenvolvimento de tratamentos que possam corrigir esses déficits”, concluem os autores.

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