Cérebro é capaz de compensar o declínio cognitivo da idade, diz estudo
Pesquisa feita na Universidade de Cambridge encontrou as evidências mais fortes até o momento sobre a capacidade de compensação do cérebro
atualizado
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Cientistas do Reino Unido afirmam ter encontrado a evidência mais forte até aqui de que o cérebro pode compensar o declínio cognitivo relacionado à idade ativando outras áreas.
Em estudo publicado na revista eLife nesta terça-feira (6/2), pesquisadores das universidades inglesas de Cambridge e de Sussex conseguiram demonstrar que, ao ativar outras áreas, o cérebro melhora o desempenho.
À medida que envelhecemos, o cérebro passa por um processo gradual de atrofiamento, com a perda de células nervosas e conexões, isso leva ao declínio cognitivo. Para algumas pessoas, esse processo pode ser mais intenso, causando a perda da capacidade de realizar atividades simples do dia a dia, como lembrar datas, fazer cálculos ou executar tarefas.
Para outras, no entanto, esse processo é mais lento. A resposta para a diferença entre os dois grupos pode estar na capacidade do cérebro de se adaptar.
Estudos anteriores já mostraram que o cérebro de algumas pessoas é capaz de compensar a deterioração do tecido cerebral recrutando outras áreas, mas não estava claro se esse mecanismo fazia alguma diferença no desempenho das atividades.
“Nossa capacidade de resolver problemas abstratos é um sinal da chamada ‘inteligência fluida‘. Mas, à medida que envelhecemos, essa capacidade começa a apresentar um declínio significativo. Algumas pessoas conseguem manter essa habilidade melhor do que outras. Queríamos saber por que isso acontecia”, resume o principal autor do trabalho, o pesquisador Kamen Tsvetanov.
Em geral, as tarefas de inteligência fluida envolvem a rede de demanda múltipla (MDN, na sigla em inglês), uma teia cerebral que abrange regiões na parte frontal e posterior do cérebro.
Experimento de memória
Durante o experimento, os pesquisadores analisaram imagens da atividade cerebral de 223 adultos com idades entre 19 e 87 anos. Os voluntários deveriam identificar a peça estranha em um quebra-cabeças enquanto passavam por exames de ressonância magnética. As imagens foram usadas para análises dos padrões da atividade cerebral.
Como era esperado, os participantes mais velhos demonstraram uma capacidade de resolver problemas menor que a dos mais jovens. A rede de demanda múltipla estava ativa, assim como as regiões do cérebro envolvidas no processamento da informações visuais.
Uma segunda análise mostrou duas áreas do cérebro que apresentavam maior atividade em pessoas mais velhas – o cuneus, na parte posterior, e uma região no córtex frontal.
O fluxo sanguíneo na região do cuneus estava fortemente relacionado com o desempenho de tarefa nos voluntários mais velhos. Essa parte do cérebro costuma estar relacionada a nossa capacidade de manter o foco.
O aumento da atividade no cuneus demonstrava uma mudança na frequência com que os idosos olhavam para as peças, como uma estratégia para compensar a memória visual mais fraca.
“Agora que vimos essa compensação acontecer, podemos começar a fazer perguntas sobre por que isso acontece com algumas pessoas mais velhas, mas não com outras, e em algumas tarefas, mas não outras. Existe algo de especial nestas pessoas e, em caso afirmativo, existe uma forma de intervir para ajudar outros a ver benefícios semelhantes?”, aponta o pesquisador Ethan Knights.
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