Brasil tem 152 mil casos de doenças negligenciadas ao ano. Veja lista
Apesar da redução recente, algumas doenças negligenciadas, como esquistossomose e hanseníase, têm mais de 20 mil casos anuais no país
atualizado
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Um relatório divulgado pelo Ministério da Saúde nesta terça-feira (30/1) faz um balanço dos casos de doenças negligenciadas no Brasil – são chamadas de negligenciadas as enfermidades que afetam os grupos mais vulneráveis da população e que possuem investimentos baixos em pesquisa. Entre 2016 e 2020, essas doenças somaram 583 mil casos no Brasil, uma média de 152 mil casos ao ano.
Desse total, 250 mil casos, 42,9%, foram detectados em municípios da Região Nordeste e 138 mil (23,8%), na Norte. Apesar de o número de casos ainda ser expressivo, essas doenças estão em ritmo de queda. O ano de 2015, imediatamente anterior ao relatório, foi adotado como referência para avaliar a evolução da taxa de detecção desse grupo de doenças: nele foram 75,1 casos a cada 100 mil habitantes. Em 2020, foram 56 casos a cada 100 mil.
“O controle passa uma perspectiva mais ampliada, de desenvolvimento humano e social, com caráter inclusivo e de enfrentamento à pobreza, envolvendo dimensões ambientais e de saúde humana e animal”, afirma nota do Ministério da Saúde sobre os dados.
Veja as doenças negligenciadas mais frequentes no Brasil entre 2016 e 2020:
- Envenenamento por picada de cobra: 25,3% dos casos, 148 mil atingidos, uma média anual de 29 mil casos. Nesta categoria, estão envolvidos todos os acidentes com cobras que necessitem de tratamento com uso de soro antiofídico para evitar consequências à saúde;
- Hanseníase: 21,7% dos casos, 126 mil atingidos, uma média anual de 25 mil casos. Anteriormente conhecida como lepra, é uma doença infecciosa, contagiosa por meio de uma bactéria, que afeta os nervos e a pele, alterando sua cor e gerando, sem tratamento, feridas graves;
- Esquistossomose: 21,2%, 123 mil pessoas vítimas, cerca de 24 mil ao ano. É uma doença parasitária, diretamente relacionada à falta de saneamento básico, transmitida pelo protozoário pelo Schistosoma mansoni;
- Leishmaniose tegumentar: 14,7%, 85 mil vítimas, média anual de 17 mil. É uma doença infecciosa, não contagiosa, que provoca úlceras na pele e mucosas. A doença é causada por sete espécies de protozoários do gênero Leishmania;
- Tracoma: 8,7%, 50 mil vítimas, média anual de 10 mil. Esta condição de saúde é uma inflamação ocular, semelhante a uma conjuntivite grave, causada pela bactéria Chlamydia trachomatis, transmitida em locais sem saneamento básico, já que se reproduz em água contaminada ingerida;
- Leishmaniose visceral: 8,2%, 47 mil vítimas, média anual de 9 mil. É uma doença transmitida pela picada do mosquito-palha, que transmite o protozoário Leishmania chagasi. Esse tipo de leishmaniose afeta os órgãos internos, geralmente baço, fígado e medula óssea;
- Doença de Chagas aguda: 0,005%, 32 casos, média anual de 6 casos. É a infecção causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi. Pode se manifestar tanto no coração como no sistema digestivo ou atacando ambas partes do corpo ao mesmo tempo;
- Oncocercose: 0,004%, 22 casos, média anual de 4,4. Conhecida como doença do garimpo, é decorrente da infecção produzida pelo nematódeo Onchocerca volvulus, que se instala na pele ao entrar em contato por largos períodos com água contaminada, gerando nódulos na pele e cegueira;
- Raiva humana: 0,0003%, 2 casos, média anual de 0,4. A raiva humana é uma doença viral que leva a uma encefalite progressiva e uma hidrofobia. Quando aguda, tem letalidade de aproximadamente 100%. É causada pelos vírus do gênero Lyssavirus;
- Filariose linfática: 0,0003%, 2 casos, média anual de 0,4. Anteriormente conhecida como elefantíase, é uma doença parasitária causada pelo verme nematoide Wuchereria Bancrofti e transmitida pela picada do mosquito Culex quiquefasciatus, o pernilongo comum. Gera acúmulos extremos de líquidos no corpo que podem levar a pessoa à incapacidade.
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