Caso Myriam Rios: quais são os primeiros sinais de perda auditiva?
Especialistas explicam sintomas e ressaltam importância da atenção médica precoce para os casos de surdez
atualizado
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A atriz Myrian Rios, 62 anos, veio a público, no último sábado (5/6), contar sua trajetória de perda de audição. A atriz revelou que existe um histórico de surdez na família materna e que, há 11 anos, a situação piorou e ela precisou passar por uma cirurgia para colocar um implante coclear. Sem o aparelho, a atriz relata que não consegue escutar absolutamente nada.
A perda de qualidade auditiva é relativamente comum na população conforme se dá o envelhecimento. “Essa perda gradual é esperada a partir dos 50 anos, sendo que alguns fatores podem ser agravantes”, explica a médica Larissa Camargo, otorrinolaringologista do Hospital Santa Lúcia e integrante da Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia.
Segundo a especialista, alguns sintomas podem ser observados, como a sensação de zumbido ou de “ouvido tampado” apenas de um lado, também conhecido como surdez súbita. “Apesar de a causa não ser facilmente identificada, são quadros que podem ser tratados com corticoides e há sucesso se a intervenção for precoce”, ressalta Larissa.
A necessidade de aumentar o volume de aparelhos eletrônicos e a dificuldade de escutar sons baixos no ambiente, pessoas a uma certa distância e entender conversas também podem ser indicadores de perda de audição.
“O importante é a avaliação precoce e o rápido diagnóstico. A realização de exames audiológicos pode identificar o tipo de perda e a gradação para instituir o melhor tratamento”, explica Larissa Camargo.
As causas de perda auditiva podem ser fatores congênitos, infecções de repetição, exposição a ruídos sem equipamentos de proteção ou, ainda, de natureza genética.
A médica considera a pandemia do coronavírus como um fator adicional de risco. “Verificamos cada vez mais o uso de fones de ouvido nas diversas faixas etárias em inúmeras atividades domiciliares. O excesso ou uso incorreto pode provocar perdas”.
De acordo com ela, o uso prolongado de fones e o hábito de escutar música muito alta podem trazer prejuízos. “São importantes causas de perda auditiva na população jovem”, alerta. Segundo a médica, o ideal é que o volume não supere a metade da potência dos aparelhos sonoros (60 decibéis) e que o uso de fones seja de no máximo 1 hora por dia.
Audição e qualidade de vida
A perda de audição pode ser tratada com cirurgia do implante coclear, como foi o caso da atriz Myrian Rios. O procedimento é indicado para aqueles em que a audição residual está comprometida, e consiste na implantação parcial de um dispositivo eletrônico, que proporciona aos usuários uma sensação auditiva próxima à normal.
Já os aparelhos auditivos são indicados para a reabilitação da deficiência em diversos graus, inclusive o severo. “A importância do uso do aparelho está relacionada à redução de riscos de quadros de demências, uma vez que a audição estimula as conexões neuronais no cérebro”, explica Gilvânia Barbosa, fonoaudióloga e especialista em audiologia da clínica Microsom.
“A audição tem importância fundamental na socialização, no estímulo ao raciocínio e na prevenção de situações de risco”, completa a fonoaudióloga.
Gilvânia reforça a importância do acolhimento do paciente por parte de seus familiares diante do diagnóstico. “Ainda existe muito preconceito sobre a perda auditiva e a surdez, o que, às vezes, impede o paciente afetado de procurar tratamento”, afirma.
A especialista, que acompanha pacientes de reabilitação auditiva há mais de 15 anos, ressalta o impacto positivo na vida das pessoas que têm implantes ou aparelhos auditivos: “A tecnologia auxilia muito a vida dessas pessoas, devolvendo o prazer de escutar, de interagir e de participar de conversas, principalmente, no âmbito familiar”.