Cardíaco, hipertenso e diabético, morador do DF venceu a Covid-19
Depois de 12 dias internado, sendo cinco deles em uma UTI, servidor público entrou para o grupo dos curados
atualizado
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Cardíaco, hipertenso, diabético e com recém-completados 60 anos, o servidor público Paulo Zoghbi comemora em casa a recuperação da Covid-19. Com um histórico de saúde complicado, ele atribui a cura a uma espécie de milagre entre a fé e a ciência.
No DF, 547 pessoas já se curaram do coronavírus. No Brasil, este número alcança 27.655. No mundo, quase 700 mil.
No caso do servidor público aposentado, tudo começou com uma falta de ar no dia 3 de abril. “Pedi para o meu filho me levar na emergência do Hospital do Coração (HCor), achei que era infarto”, relata. Logo que deu entrada, a equipe clínica fez o exame de RT-PCR e decidiu transferi-lo para o Santa Luzia, um dos hospitais particulares referência para o tratamento da doença causada pelo coronavírus no Distrito Federal.
Daí em diante, foram cinco dias inconsciente na unidade de terapia intensiva do hospital para que os médicos estabilizassem seu quadro e controlassem a infecção provocada pelo coronavírus em seu pulmão. “Eu dormi apenas, estava em uma espécie de coma induzido, nem fiquei sabendo o resultado do exame”, conta.
Do lado de fora, estava o filho único, Guilherme, 26, ciente do tamanho do problema e apreensivo pela saúde do pai. Zoghbi perdeu a mulher para um câncer em 2018, e a relação de pai e filho é muito próxima. Entre as principais comorbidades associadas às mortes por coronavírus no país, estão os três quadros prévios do funcionário público: cardiopatia, diabetes e hipertensão. Além disso, por ter 60 anos, ele é considerado grupo de risco.
Quando foi liberado da UTI, informaram ao morador do Sudoeste que ele era um dos quase de 53 mil brasileiros que, até essa sexta-feira (24/04), pegaram a Covid-19 no país. “Naquele momento, pensei: a gente só vai na hora certa. Agradeci a Deus e aos médicos”, relata, incluindo logo em seguida os enfermeiros e técnicos de enfermagem que também fizeram parte da equipe de saúde que o atendeu.
Antes de voltar para casa, entretanto, Zoghbi ficaria mais sete dias na ala de isolamento do hospital, situação que até considerou amena diante do que lhe relataram sobre seu estado anterior. “A partir daí, eu conseguia falar com meu filho e irmãos por chamadas de vídeo. O pior tinha passado”, pondera.
O morador do Sudoeste não tem ideia de como pegou a doença: cogitou-se que ela tenha sido transmitida pelo filho ou pela diarista que trabalha no apartamento dele duas vezes por semana. Os dois fizeram o teste, mas os resultados deram negativo.
Quando sentiu-se mal, Zoghbi estava havia 21 dias sem sair de casa, só tendo contato esporádico com entregadores de delivery. “Sinceramente, para mim não importa saber como peguei, mas que sobrevivi.” Também diz que não apresentou outros sintomas além da falta de ar.
No dia da saída do hospital, dois momentos ficaram marcado na memória do paciente: o “corredor do aplauso” feito pela equipe clínica para comemorar a recuperação, e o caminho de volta para casa, trajeto entre o fim da Asa Sul e o Sudoeste, quando ele e o filho Guilherme conversaram depois de 12 dias sem se encontrar.
“Quero aproveitar o resto da minha vida. Sem excessos, mas aproveitar”, afirma. Para os que estão bem de saúde, Zoghbi recomenda: “Se tiver oportunidade, fique em casa. Esse vírus está por aí, todo mundo pode pegar, o melhor é não se arriscar”.